
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou na sexta-feira (31) a lei que institui o Sistema Nacional de Educação (SNE), com o objetivo de coordenar esforços para garantir qualidade e reduzir desigualdades no setor educacional.
A nova legislação, publicada no Diário Oficial da União nessa segunda-feira (3), visa articular os sistemas de ensino da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. O SNE, comparado ao Sistema Único de Saúde (SUS), pretende promover uma gestão colaborativa e integrada da educação no Brasil. A criação do sistema, que estava prevista desde 2014, foi celebrada por instituições educacionais, mas também levantou preocupações sobre sua implementação.
O SNE busca resolver a fragmentação atual da educação brasileira, que resulta em políticas sobrepostas e ineficiência na distribuição de recursos. Com a nova estrutura, espera-se uma rede de colaboração que enfrente desigualdades e melhore a continuidade das políticas educacionais.
Um dos principais objetivos do SNE é garantir a mesma qualidade de ensino em todas as escolas do país. Para isso, serão definidos padrões nacionais mínimos que incluem formação de professores, infraestrutura e número de alunos por turma. Esses padrões servirão como referência para todos os sistemas de ensino, promovendo uma educação mais equitativa.
Para assegurar o financiamento necessário, o SNE introduz o Custo Aluno Qualidade (CAQ), que servirá como parâmetro de investimento por aluno na educação básica. Embora o CAQ não seja um imposto fixo, seu cálculo será progressivamente elevado com base em padrões acordados entre os entes federados. A entidade Todos Pela Educação expressou preocupação com a falta de clareza sobre a implementação desse financiamento.
A gestão da educação também será impactada pela criação de Comissões Intergestores, que facilitarão o diálogo entre União, Estados e Municípios. Essas comissões, inspiradas no modelo do SUS, serão responsáveis por definir responsabilidades e aprovar metodologias de cálculo do CAQ.
Além disso, a lei estabelece a Infraestrutura Nacional de Dados da Educação (Inde), que integrará dados educacionais e tornará o CPF o Identificador Nacional Único do Estudante (Inue). Essa mudança permitirá um acompanhamento mais eficaz da trajetória escolar dos alunos, ajudando a identificar problemas como a evasão escolar.
Embora a lei já esteja em vigor, a implementação das mudanças ocorrerá em etapas. As Comissões Intergestores devem ser criadas em até 90 dias, e os entes federados têm um prazo de até dois anos para adequar suas normas à nova legislação. Os efeitos práticos do SNE serão sentidos gradualmente, conforme as comissões forem estabelecidas e os sistemas ajustados.