A crescente produção de energia renovável no Nordeste do Brasil enfrenta um obstáculo crítico: a insuficiência de linhas de transmissão para transportar a energia gerada para outras regiões, especialmente o Sudeste, onde a demanda é maior. Esse problema gera preocupação entre investidores e especialistas do setor, como destaca o presidente da Rio Alto Energias Renováveis, Edmond Farhat.
Ele explica que, apesar do potencial significativo para geração de energia solar e eólica no Nordeste, a falta de infraestrutura adequada impede o pleno aproveitamento desses recursos. “Nós fazemos usinas solares na Paraíba e há uma quantidade enorme de projetos na região. No entanto, enfrentamos restrições de geração devido ao baixo consumo local e à incapacidade de enviar essa energia para o Sudeste, pela insuficiência de linhas de transmissão”, afirma.
O CEO discorrerá sobre o tema “Mudanças climáticas – energias renováveis” às 14h do próximo sábado (17) no Centro de Convenções, em João Pessoa (PB) durante o Congresso Estadual de Engenharia, Agronomia e Geociência realizado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do estado, cuja programação pode ser conferida clicando aqui.
O Brasil possui atualmente 179.311 km de linhas de transmissão que atendem ao sistema nacional interligado. Deste total, 12,8% da capacidade instalada é de energia eólica e 5% de solar. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Nordeste tem mais de 71 mil megawatts (MW) de projetos autorizados para construção, incluindo quase 19 mil MW de eólica e 52,2 mil MW de solar. Essa situação cria uma “fila de espera” para a interconexão na rede.
Farhat ressalta que muitas usinas, tanto solares quanto eólicas, enfrentam restrições de operação em municípios como Coremas e Santa Luzia. “Isso já está gerando problemas e vai espantar investimentos se não houver uma reformulação estrutural do setor para melhorar essa condição”, alerta.
A carência de infraestrutura limita a geração de energia e desestimula novos investimentos, afetando o desenvolvimento econômico e a transição para uma matriz energética mais limpa. Com o consumo anual de energia elétrica no Brasil crescendo cerca de 4% ao ano, é crucial que o sistema de transmissão evolua para atender à crescente demanda e apoiar a transição energética.
Resolver esse impasse é vital para o desenvolvimento econômico do Nordeste e para o avanço do Brasil em direção a uma matriz energética sustentável e resiliente.
Em linhas gerais, o sistema elétrico do país é dividido em geração, transmissão e distribuição. As geradoras produzem a energia, as transmissoras a transporta até às subestações nos grandes centros consumidores e as distribuidoras levam a energia até às unidades consumidoras.
A energia gerada precisa ser transportada para o sistema integrado nacional SIN por meio das linhas de transmissão, que hoje são insuficientes, ou seja, sem essas transmissoras a energia não chega nos principais centros consumidores.
Criado em 1998 através da resolução 351/98 do Ministério das Minas e Energia, em conformidade com a Lei 9.648/98 e o Decreto 2.655/98, o Sistema Interligado Nacional é um sistema de coordenação e controle, composto pelas empresas das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte, que congrega o sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil. É um sistema hidrotérmico de grande porte, com predominância de usinas hidrelétricas e proprietários múltiplos, estatais e privados.