O Irã anunciou que não aceitará retomar negociações sobre seu programa nuclear enquanto estiver sob ataques israelenses. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Abbas Araqchi, afirmou que qualquer diálogo dependerá de um cessar-fogo prévio, tendo em vista o agravamento do conflito na região.
A tensão escalou após uma ofensiva israelense, que incluiu ataques a depósitos de mísseis e centros de defesa no Irã, com uso de aviões da Força Aérea israelense.
Segundo fontes diplomáticas, a Europa tem tentado intermediar um retorno às conversações nucleares, mas o avanço nas negociações esbarra no clima de hostilidade instaurado pelos recentes bombardeios israelenses — que atingiram instalações militares e nucleares iranianas.
O enviado de Israel às Nações Unidas, Danny Danon, disse ao Conselho de Segurança da ONU durante reunião emergencial nesta sexta-feira (20), que seu país não interromperá seus ataques “até que a ameaça nuclear do Irã seja desmantelada”.
Como resposta, o embaixador do Irã na ONU, Amir Saeid Iravani, expressou preocupação com a possibilidade de os Estados Unidos entrarem no conflito e cobrou uma ação imediata do Conselho de Segurança da ONU.
Na mesma reunião emergencial — a segunda convocada pelo Conselho de Segurança desde o início da guerra — o representante de Israel, acusou o regime iraniano de envolvimento direto em ações contra líderes ocidentais. Sem apresentar provas, Danon afirmou que o Irã teria tentado assassinar o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A Casa Branca disse na quinta-feira (19) que o presidente Donald Trump decidiria “se vai ou não vai” envolver os EUA no conflito nas próximas duas semanas, citando a possibilidade de negociações envolvendo o Irã em um futuro próximo. Abbas Araqchi, disse nesta sexta-feira que não há espaço para negociações com a aliada de Israel, os Estados Unidos, “até que a agressão israelense pare”.
A ONU, por meio de seu secretário-geral António Guterres, e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) alertaram para os riscos de um ataque a instalações nucleares, que poderiam causar consequências radiológicas catastróficas. “Ataque armado a instalações nucleares … podem resultar em liberações radioativas com grandes consequências dentro e fora das fronteiras do Estado que foi atacado”, disse Rafael Grossi, diretor-geral da AIEA.