Janja revela assunto das cartas trocadas com Lula na prisão e destaca prioridades como primeira-dama do Brasil
14/11/2022 / 10:26
Compartilhe:

Rosângela da Silva, a socióloga Janja, contou detalhes sobre como teve início a relação amorosa com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em janeiro de 2023 ela se torna a nova primeira-dama da República.

Em entrevista ao Fantástico na noite deste domingo (13.11), Janja disse que o envolvimento começou no fim de 2017, durante um jogo de futebol realizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) para inauguração do campo de futebol Dr. Sócrates em Guararema, interior de São Paulo.

Entre os jogadores estaria o músico e compositor Chico Buarque, de quem Janja é fã e resolveu ir para prestigiar.

“Eu falei asssim ‘Ah eu preciso ir nesse jogo e acabei indo no jogo. Foi muito emocionante porque eu queria ver o Chico Buarque, eu já conhecia o meu marido de outros momentos, mas é óbvio eu não sei se ele lembrava muito de mim. Mas enfim, a gente sentou pra almoçar, todo mundo almoçou e tal, os convidados. Aí depois a gente.. pediu meu telefone pra alguém eu recebi ali e aí foi indo e a gente foi se aproximando […] eu acho que ele acabou de olho em mim”, brincou.

Janja, que é paranaense e tem 56 anos, lembrou de quando se filiou ao PT em 1983, aos 17 anos, durante o início do movimento pelas Diretas Já: “No cursinho, eu conheci algumas pessoas do movimento estudantil e me filei ao PT. Aquela efervescência política pelas Diretas Já, que já acontecia em 83, isso tudo foi mexendo muito com a minha cabeça”.

Ela também trabalhou durante anos como assessora parlamentar e em determinado momento optou pelo setor privado para trabalhar como socióloga no empreendimento de uma hidrelétrica em Santa Catarina. A partir daí passou a atuar em programas de responsabilidade social e sustentabilidade. Em 2003, ano do primeiro mandato de Lula, Janja ingressa no setor elétrico da Usina de Itaipu e depois atua entre 2012 e 2016 na Eletrobras. Foi daí que voltou a Curitiba e se aposentou aos 53 anos.

Ela não recorda a primeira vez exata que esteve com Lula, mas acredita que tenha sido em algum evento no Paraná. Posteriormente, também esteve junto ao presidente nas ocasiões em que o petista era convidado para os eventos relacionados a Usina de Itaipu.

Lembrou ainda das cartas diárias que trocava com o presidente eleito durante os 580 dias em que ele esteve na prisão: “Secretamente guardadas”.

“Todo dia eu preparava um lanche pra ele comer, e aí os advogados que entravam lá, tinham dois advogados que entravam todos os dias lá, um de manhã e um à tarde. Aí de manhã eles me traziam uma carta que ele escrevia e eu devolvia uma carta”.

Sobre o conteúdo delas, Janja revelou:

“Esperança e muito amor, tem muitas cartas muito felizes e tem muitas cartas muito tristes. Porque realmente teve momentos muitos difíceis nesses 580 dias. Mas eu tenho certeza que o dia mais difícil pra ele foi o dia da morte do neto”, disse se referindo à Arthur Araújo Lula da Silva, que tinha sete anos quando morreu de meningite meningocócica.

Contou ainda que as cartas também falavam sobre o casamento entre ambos, já planejado durante a prisão.

“Eu sou uma sonhadora muito pé no chão. Eu sou uma sonhadora que penso coisas importantes para o mundo e agora eu estou tendo uma possibilidade de talvez contribuir para algumas dessas mudanças para o Brasil e para o mundo”, afirmou.

Entre compromissos pessoais que destaca enquanto primeira-dama, ela cita combate à violência contra mulheres, garantia de alimentação saudável e o combate ao racismo. “E, talvez, eu acho que não é uma coisa, mas discutir um pouco mais com a sociedade de que forma que a gente transforma esse ódio que a gente vive hoje em relações mais afetuosas? Em relações mais saudáveis? E aí a sociedade civil, as instituições da sociedade civil tem um papel importante. Da gente poder fazer esse diálogo com as pessoas que não votaram na gente”