A subsidiária da JBS nos Estados Unidos pagou um resgate equivalente a US$ 11 milhões em bitcoin após sofrer um ataque hacker à sua operação no país. Segundo o CEO da companhia nos EUA, André Nogueira, o pagamento em moeda digital teve como objetivo evitar maiores transtornos para os clientes e impedir vazamento de dados.
“Foi muito doloroso pagar os criminosos, mas fizemos a coisa certa pelos nossos clientes”, disse o executivo nesta quarta-feira (9), em entrevista ao Wall Street Journal. A invasão hacker aconteceu no final de maio e interrompeu temporariamente o funcionamento de algumas fábricas na Austrália, Canadá e Estados Unidos.
O ataque cibernético foi realizado por um ransomware, que consegue “sequestrar” os dispositivos da vítima e bloquear o acesso da empresa ao sistema para, então, cobrar um resgate multimilionário para a liberação.
De acordo com o CEO, a gigante alimentícia soube do ataque na manhã do dia 30 de maio, após membros da área de tecnologia verificarem irregularidades nos servidores. A equipe encontrou uma mensagem exigindo um resgate para recuperar o acesso ao sistema da empresa.
A companhia anunciou o retorno total das operações na quinta-feira (3) e informou que os servidores de backup não foram comprometidos.
A invasão está sendo investigada pelo FBI (polícia federal dos EUA) e a Casa Branca disse ter recebido informações da JBS de que o ataque teve, possivelmente, origem na Rússia.
Para o FBI, o principal grupo suspeito é o REvil (também conhecido como Sodinokibi), um dos grupos cibercriminosos mais lucrativos do mundo.
“Atribuímos o ataque da JBS ao REvil e Sodinokibi e estamos trabalhando diligentemente para levar os atores da ameaça à justiça”, afirmou um comunicado do FBI.
O CEO André Nogueira disse que a JBS e empresas externas estão conduzindo análises forenses de seus sistemas de tecnologia da informação e que ainda não está evidente como os invasores acessaram os sistemas. De acordo com a empresa, as investigações estão em andamento e ainda não há nenhuma conclusão.
Na quarta-feira (2), a Casa Branca disse que o presidente dos EUA, Joe Biden, levantará a questão dos ataques cibernéticos no próximo encontro com o presidente russo, Vladimir Putin.