
A Justiça da Argentina autorizou a extradição de Antônio Inácio da Silva Neto, conhecido como Antônio Ais, e da esposa, Fabrícia Farias, sócio-proprietários da Braiscompany. A informação foi confirmada nesta quarta-feira (3/12) pela Justiça Federal da Paraíba. O casal foi preso no país em fevereiro de 2024 após um ano foragido e segue em prisão domiciliar enquanto aguarda a conclusão do processo.
O Tribunal Nacional Criminal e Correcional Federal da Argentina autorizou a extradição em 26 de novembro, mas ainda cabe recurso. Segundo o órgão brasileiro, a defesa dos dois afirmou que pretende recorrer no país vizinho — o que pode adiar o retorno deles ao Brasil, ainda sem data definida. O tempo de detenção de Antônio Neto também deverá ser computado no processo brasileiro.
De acordo com a Polícia Federal, Antônio e Fabrícia desviaram cerca de R$ 1,11 bilhão e deixaram mais de 20 mil investidores no prejuízo. A Braiscompany, fundada pelo casal, prometia retornos de até 8% ao mês por meio de investimentos em criptoativos — percentual considerado irreal para o mercado.
Os dois já foram condenados no Brasil por crimes contra o sistema financeiro. Somadas, as penas ultrapassam 150 anos de prisão.
O casal foi localizado e preso em 29 de fevereiro de 2024, na cidade de Escobar, na Argentina. Após a prisão, Fabrícia passou a aguardar o processo em liberdade mediante fiança e medidas cautelares, decisão baseada na colaboração prestada e no fato de ela ser mãe de duas crianças sem familiares próximos no país.
Em maio, Antônio Neto também conseguiu autorização para prisão domiciliar, sob monitoramento eletrônico, para auxiliar no cuidado aos filhos. Ele estava detido na sede da Interpol em Buenos Aires.
Apesar da decisão de extradição, o processo ainda não está encerrado. A defesa insiste em novos recursos e, segundo a PF, não há prazo definido para o desfecho. “Depende da legislação argentina”, explicou o delegado Guilherme Torres, lembrando que um caso semelhante levou cerca de três meses para tramitar no país.
Com o processo concluído, o casal deverá ser transferido para o Brasil para cumprir as penas e responder pelos crimes cometidos no esquema da Braiscompany.