A Justiça de São Paulo decretou nesta quarta-feira (8) a falência da rede varejista Ricardo Eletro, controlada pela Máquina de Vendas, após dois anos do pedido de recuperação judicial da companhia, quando as dívidas acumulavam mais de R$ 4 bilhões e 300 lojas físicas foram fechadas.
Conforme antecipação do Jornal Valor Econômico, a falência foi decretada pelo juiz Leonardo Fernandes dos Santos, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central de São Paulo.
Na decisão, o magistrado aponta que foram identificados “diversos fatores de esvaziamento patrimonial” e a recuperação judicial “não reúne condições de prosseguimento”. No fim de 2021, o endividamento total da empresa, incluindo passivos em recuperação, era de cerca de R$ 4,6 bilhões.
Nesta quinta-feira (9), a empresa entrou com recurso junto à 2ª Câmara de Direito Empresarial de São Paulo. A varejista se diz surpresa com a decisão e afirma que o esvaziamento refere-se “a ajuste contábil feito pela baixa de estoque operacional decorrente do fechamento de lojas, e como é esperado, houve ajuste para saldo de estoque”, informa. Ainda nega que tenha ocorrido esvaziamento por “fraude ou desvio de valores”.
O recurso ainda afirma que a decisão judicial gera maior insegurança para a marca, e que a empresa busca retomada das atividades com plano de recuperação judicial e reestruturação das dívidas.
A empresa é presidida por de Pedro Biachi, ex-executivo da empresa de reestruturação Starboard. Segundo documentos do plano de recuperação, a Máquina de Vendas Brasil (dona da Ricardo Eletro) é controlada pela MV Participações, que por sua vez tem 90,3% de suas ações nas mãos de um fundo de participações.
A Máquina de Vendas foi formada da fusão das redes Insinuante, Salfer, City Lar e Eletro Shopping, num modelo de negócio que mantinha os sócios separadamente em suas operações regionais. Com o passar do tempo, desentendimentos na condução da operação e na relação entre os acionistas levou a saída de quase todos os sócios — o que também teria gerado maior instabilidade nas equipes.
F5 Online com informações do Valor Econômico