O Ministério Público da Paraíba (MPPB), em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT), o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) e a Polícia Civil, entrou com uma ação civil pública pedindo à Justiça que o influenciador paraibano Hytalo Santos tenha o acesso às redes sociais suspenso, além da determinação para que os jovens sob sua tutela retornem às suas famílias.
+ Receba as notícias do F5 Online no WhatsApp
A medida visa preservar a intimidade e dignidade dos adolescentes envolvidos e contribuir para o andamento das investigações que apuram suposta exploração de crianças e adolescentes em vídeos produzidos pelo influenciador.
A ação também recomenda a suspensão das atividades de uma das empresas de Hytalo, que atua no ramo de rifas e sorteios, por utilizar de forma irregular a imagem de menores de 18 anos. O pedido foi encaminhado à Loteria do Estado da Paraíba (Lotep), órgão responsável pela concessão da licença da empresa.
As investigações sobre Hytalo Santos começaram em dezembro de 2024, após denúncias anônimas. Na última semana, o caso viralizou após um vídeo do youtuber Felca, que denunciou a “adultização” e sexualização de adolescentes nas redes sociais, alertando para o possível lucro do influenciador com esse tipo de conteúdo.
Com mais de 12 milhões de seguidores no Instagram (cuja conta foi caiu em agosto de 2025 após a publicação do vídeo do Felca) e cerca de 5 milhões no YouTube, Hytalo é conhecido por promover vídeos em que adolescentes aparecem em situações como beijos, festas com consumo de álcool e danças sensuais, práticas que preocupam órgãos de proteção à criança e ao adolescente.
Anteriormente ao vídeo de Felca, em sua defesa, Hytalo chegou a dizer que mantém uma “família não tradicional”, afirmando que a relação entre ele e os jovens é baseada em afeto e amor, e que os pais desses adolescentes autorizam sua tutela. Segundo ele, os jovens são matriculados em escolas particulares sob sua responsabilidade financeira, e em troca participam da produção de conteúdos para as redes sociais. Atualmente, apenas duas adolescentes viveriam com ele.
Em nota, o Ministério Público afirma que o trabalho das instituições parceiras está pautado na proteção das vítimas, respeito à sua intimidade e dignidade, e no compromisso com os direitos humanos. O órgão ainda destaca a importância da denúncia social e do fortalecimento de uma cultura de proteção às crianças e adolescentes.
“A recente divulgação de conteúdo audiovisual produzido por Felca, em boa hora, despertou atenção para a gravidade do problema para a sociedade, e veio somar o trabalho do Ministério Publico, cuja tarefa exige que o enfrentamento seja conduzido com responsabilidade, dentro dos limites da lei e com absoluto respeito à intimidade e dignidade das vítimas”, diz o órgão.
“Ao mesmo tempo, reconhecemos a importância do papel da sociedade na denúncia de casos e no fortalecimento de uma cultura de proteção e cuidado com crianças e adolescentes. O Ministério Público seguirá atuando de forma firme, integrada e transparente, sempre em defesa dos que mais precisam de voz e proteção“, reforça a nota.