O colunista do portal Metrópoles, Leo Dias, publicou neste domingo (26) um pedido de perdão à atriz Klara Castanho, que revelou na noite do sábado (25) ter engravidado após um estupro e entregue a criança através de adoção legal.
O pedido de desculpas vem após Dias receber uma onda de críticas nas redes sociais pela divulgação de detalhes sobre a violência sofrida pela atriz.
Na noite do sábado (25), às 20h56, Dias fez uma publicação intitulada “Estupro, gravidez indesejada e adoção: a verdade sobre Klara Castanho”, publicada após o relato da própria atriz. A publicação não foi vista com bom olhos por internautas, que pediam a saída do colunista do Metrópoles e fizeram críticas ao veículo de imprensa.
Klara Castanho pretendia manter a história em segredo, mas veio à público se manifestar sobre o caso após a apresentadora Antonia Fontenelle afirmar em uma live que sabia sobre uma “atriz global de 21 anos, que teria engravidado e doado a criança para adoção”.
Embora não tenha citado o nome de Klara, Fontenelle deu dicas sobre a identidade da personagem de sua fofoca que, segundo ela, sequer quis “olhar para o rosto da criança”. Com a repercussão, Klara Castanho divulgou a carta pública relatando toda a situação.
“A postagem que fiz relatando o nascimento da criança e a adoção foi posterior à carta que Klara escreveu sobre tudo o que passara. Ela foi covardemente exposta. Tenho consciência disso”, escreveu Leo Diaz no pedido de desculpas intitulado “Preciso me explicar a vocês e pedir perdão para Klara Castanho”.
“Errei ao publicar qualquer linha a este respeito. Mesmo que a revelação da história não tenha partido de mim, mesmo que Klara tenha escrito uma carta pública narrando a dor que sentiu com toda esta violência e que eu só tenha escrito sobre o assunto após a carta dela ser publicada”, acrescentou. Leia na íntegra abaixo.
Através de um editorial divulgado na noite deste domingo (26), o jornal Metrópoles também fez um pedido de perdão a Castanho e reconheceu que errou ao permitir a publicação de Leo Dias.
“O Metrópoles não deveria ter permitido que o colunista Leo Dias, que publica suas colunas no portal, desse detalhes sobre o triste caso envolvendo uma mulher em situação de extrema vulnerabilidade […] Em relação à Klara Castanho, praticamos mau jornalismo”.
“Não há justificativa que sustente o argumento do interesse público em conhecer detalhes sobre uma história em que os únicos interessados são a vítima e seus familiares. E, neste caso, a Justiça e o Ministério Público, que intercederam para ajudar Klara no processo de adoção da criança”, destaca a publicação do veículo.
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Preciso me explicar a vocês e pedir perdão para Klara Castanho
Errei ao publicar sobre Klara. Mesmo que eu não tenha revelado a história, reconheço que não tenho noção da dor dela e peço perdão
Há pouco mais de um mês, eu fui procurado por uma profissional de um hospital privado. Ela insistiu que precisava falar comigo para denunciar um caso atípico que ocorrera há algumas horas naquela casa de saúde.
A moça, sob a condição de anonimato, me disse que, pela primeira vez, o nascimento de uma criança não poderia ser registrado na maternidade. Nenhum dado sobre o nascimento poderia ser incluído no sistema.
Fiquei surpreso ao saber que a mulher que deu à luz aquela criança era Klara Castanho. Até aquele momento, eu não tinha noção do contexto de violência envolvendo a gestação. Meu contato com Klara não era próximo, mas, há alguns meses, a mãe dela me mandou uma mensagem carinhosa pelo Instagram e achei que eu deveria, por intermédio deste contato, mandar uma mensagem para ela no sentido de entender o que estava ocorrendo.
Àquela altura, eu não tinha noção de todos os fatos. Não sabia que ela havia sido vítima de um estupro. Klara me respondeu poucas horas depois. Chegamos a conversar por telefone.
Na conversa, Klara me relatou a violência de que foi vítima. E sua decisão de entregar a criança para a adoção. Me pediu que eu não escrevesse sobre o assunto. E eu, prontamente, me comprometi com ela a não expor a história publicamente.
O relato de Klara foi tão impactante, aquela história era tão perturbadora, que, em um ato irrefletido, me ofereci para adotar a criança. E, desde aquele momento, esta história não saiu da minha cabeça. Confidenciei isso a duas pessoas próximas.
Mais de um mês se passou. Eu permaneci sem escrever sobre a história. Mas, desde maio, fui surpreendido com vídeos e posts em que influenciadores relataram o caso ou parte dele. Evitei, assim como havia me comprometido, a revelar a identidade da atriz, mesmo tendo sido provocado a falar sobre o caso.
A postagem que fiz relatando o nascimento da criança e a adoção foi posterior à carta que Klara escreveu sobre tudo o que passara. Ela foi covardemente exposta. Tenho consciência disso.
Errei ao publicar qualquer linha a este respeito. Mesmo que a revelação da história não tenha partido de mim, mesmo que Klara tenha escrito uma carta pública narrando a dor que sentiu com toda esta violência e que eu só tenha escrito sobre o assunto após a carta dela ser publicada.
Mesmo que eu soubesse de tudo desde o início, eu não deveria ter escrito nenhuma linha sobre esta história ou ter feito qualquer comentário sobre algo que não tenho o direito de opinar. Apesar da minha proximidade com o fato, reconheço que não tenho noção da dor desta mulher. E, por isso, peço, sinceramente, perdão à Klara.