Pesquisas de intenção de voto apontam que, no recorte por religião, o atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL) vai melhor no segmento evangélico do que o ex-presidente Lula (PT).
Apesar da mais recente pesquisa Ipec, divulgada em 17 de outubro, ter mostrado que Bolsonaro caiu três pontos nesse segmento do eleitorado – ele marcou 63% na pesquisa divulgada no dia 10.10 e registrou 60% nesta última – o mandatário ainda tem vantagem sobre Lula no eleitorado protestante. O petista tinha 31% dos votos dos evangélicos no dia 10 e marcou 32% no último levantamento.
Entre figuras conhecidas do cenário gospel e evangélico que apoiam a reeleição de Bolsonaro estão os irmãos André e Ana Paula Valadão, cantores e pastores da Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte. Além do pastor e presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Silas Malafaia, e o pastor Marco Feliciano, deputado e cantor.
Apesar da influência sobre este segmento, não são todos os evangélicos que caminham ao lado de Bolsonaro. Alguns deles se uniram em um rap com duras críticas ao presidente.
Intitulada “Messias”, a canção-protesto foi lançada nesta semana pelo cantor Leonardo Goncalves, em conjunto com os também cantores gospel Kleber Lucas, Clovis, Dona Kelly, Tiago Arrais, Sarah Renata, João Carlos Jr. e MN NC.
A música começa com o sample de um pregador: “Eu não posso me calar, e eu não vou me calar”.
“Abaixa a arma, o mandamento é amar, não se armar […] pra ouvir, refletir, repensar se sua atitude de votar tem sido pra legitimar o ódio contra o seu semelhante, que deve ser acolhido mesmo pensando diferente. Evangelho não é questão de esquerda ou direita, é questão de pensar se tô fazendo aquilo que Cristo faria e aceita”, diz um trecho da música.
Em outro verso, os artistas declaram que “a religião que Deus pai aceita é aquela que cuida do órfão, do gay, do preto, da mulher e já que é pra seguir o exemplo, então, é hora de nós expulsar esses mercadores do templo”.
Na metade da canção, um relato de Leonardo Gonçalves: “A real é que eu tô triste. A gente não tá com raiva, a gente tá triste. Lugares em que tivemos experiências incríveis, pessoas com quem tivemos experiências incríveis se voltaram contra a gente, questionam nossa fé”, diz o cantor, que continua:
“Dizem que não somos cristãos e falam da gente como se não nos conhecessem. Como se já não tivéssemos partido o pão juntos incontáveis vezes e por anos. E tudo isso por causa de política. Por causa de um falso pânico moral promovido pelos donos de igreja, que tiveram o perdão de uma dívida de R$ 1,4 bilhão decretado pelo presidente da República. Alguém, aliás, que com quase 700 mil mortos não foi capaz de uma palavra de solidariedade, o mínimo de empatia, um olhar sequer de misericórdia ou compaixão, e a gente que não é cristão?”, questiona Gonçalves.