Uma investigação que levou à prisão do deputado fluminense Thiego Raimundo de Oliveira Santos, o TH Joias, expôs um esquema que mistura política, crime organizado e influência digital. Reportagem exibida neste domingo (7) pelo Fantástico, da TV Globo, mostrou que o parlamentar, apontado como integrante relevante do Comando Vermelho, mantinha relações próximas com traficantes e também com o influenciador paraibano Hytalo Santos, preso no mês passado por exploração sexual de menores e tráfico de pessoas.
De acordo com a Polícia Federal, o trio formado por TH Joias, Gabriel Dias de Oliveira — conhecido como Índio do Lixão — e Hytalo costumava frequentar bailes no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Imagens e conversas interceptadas revelam que a parceria ia além da ostentação em festas.
Em uma das mensagens, Hytalo pede a TH que acione Índio para intimidar uma mulher que o havia criticado nas redes sociais. O traficante, então, mobiliza um comparsa, identificado como Bola Bola, para obrigar a vítima a apagar as postagens.
“Menina que está falando besteira de você aí, sei quem é. É lá de Caxias, de onde sou cria. TH me pediu para falar com ela”, disse Índio em uma conversa obtida pela reportagem.
Preso na última quarta-feira (3), TH Joias é acusado de lavar dinheiro, intermediar vendas de fuzis, munições e drogas, além de fornecer informações privilegiadas às facções. O parlamentar, que já havia sido condenado em 2017 por esquema semelhante, era descrito pela PF como “a facção criminosa vestida de terno, subindo em palanques”.
Durante a operação que prendeu 15 pessoas, imagens encontradas em celulares mostraram TH ostentando pilhas de dinheiro e participando de festas com chefes do tráfico. Segundo os investigadores, até mesmo o chá revelação do filho do deputado foi financiado com recursos do crime organizado.
A investigação reforça como os vínculos entre política, tráfico e redes sociais têm se consolidado em um ecossistema de interesses mútuos: dinheiro, proteção, status e alcance digital. Se TH representava o braço político do Comando Vermelho, Hytalo aparecia como a vitrine digital que, segundo os investigadores, se beneficiava do poder armado dos traficantes.