SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Para Carlos Lula, presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), a live em que Jair Bolsonaro leu uma suposta notícia que alertava que “vacinados [contra a Covid] estão desenvolvendo a síndrome da imunodeficiência adquirida [Aids]” foi absurda, trágica, falsa, mentirosa e grotesca.
“Mais do que isso, ela impõe um ônus aos portadores de HIV. Mais um capítulo lamentável dessa sucessão de absurdos do presidente durante o enfrentamento da pandemia”, completa Lula, que é secretário de Saúde do governo do Maranhão.
Na noite deste domingo (24), o Facebook tirou do ar o vídeo da live, originalmente transmitida na quinta-feira (21). O vídeo não está mais disponível nem no Facebook nem no Instagram.
Após a gravação divulgada por Bolsonaro, médicos e especialistas reagiram e disseram que a associação entre o imunizante contra o coronavírus e a transmissão do HIV, o vírus da Aids, é falsa e inexistente.
Jamal Suleiman, infectologista do Instituto de Infectologia Emilio Ribas, destacou à Folha que as vacinas da Covid não utilizam nenhum fragmento de HIV em sua composição.
Além disso, enfatizou, são doenças com transmissões completamente diferentes. Enquanto o HIV é transmitido por meio de relações sexuais e compartilhamento de seringas, o novo coronavírus que causa a Covid se espalha por meio da respiração.
“O presidente tem uma fixação anal e precisa ir para o divã”, comenta Suleiman. “Ao dizer isso, o presidente coloca em xeque o PNI [Programa Nacional de Imunização].”