Após a audiência pública realizada na manhã desta quarta-feira (12) na Câmara Municipal de João Pessoa para discutir a Zona Azul Digital, representantes do comércio e trabalhadores do centro da capital reforçaram, em entrevistas, críticas e sugestões sobre o funcionamento do sistema de estacionamento rotativo implantado pela Prefeitura.
O vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de João Pessoa (CDL-JP), Túlio Bezerra, reconheceu que a implantação do sistema foi marcada por falhas na comunicação e defendeu ajustes para reduzir os impactos sobre consumidores e comerciantes. “Toda mudança gera resistência. A CDL defende a Zona Azul, mas a divulgação foi falha. Se tivesse sido melhor, muita gente não teria sido multada por erro de informação”, afirmou.
Para ele, o modelo pode contribuir para revitalizar o centro da cidade, mas precisa de adaptações. “É preciso ter mais monitores nas ruas, porque a quantidade atual é insuficiente. Também defendemos uma redução temporária das penalidades, para que as pessoas se acostumem, e uma gratuidade de 15 minutos para quem precisa resolver algo rápido, sem ser penalizado. Essa é a Zona Azul que acreditamos que pode funcionar e atrair mais clientes para o centro”, destacou.
Já o lojista Wallisson Camargo fez críticas contundentes à medida, afirmando que o comércio no Centro de João Pessoa está sofrendo uma forte queda no movimento. “O que está acontecendo em João Pessoa é um absurdo. O prefeito está acabando com o nosso comércio. Dezembro é mês de compras e o centro está um deserto. O nosso movimento caiu mais de 70%”, disse.
Camargo também cobrou isenção ou condições específicas para trabalhadores do comércio. “As minhas vendedoras têm moto, e onde elas vão estacionar? Cadê o projeto que protege quem trabalha ali todos os dias? Pelo amor de Deus, Cícero Lucena, acabe com essa Zona Azul. O senhor está mexendo com famílias inteiras”, desabafou.
Entre os trabalhadores afetados, o motoboy Luan Vieira afirmou que a categoria enfrenta dificuldades para arcar com o custo adicional das vagas rotativas. “A gente já gasta com gasolina, manutenção e rastreamento. Quando para para pegar um pedido, ainda tem que pagar para estacionar. Está ficando difícil trabalhar desse jeito”, relatou.
Vieira defendeu que a Prefeitura amplie o tempo de tolerância antes da cobrança. “Queremos poder parar rapidamente para fazer uma entrega sem ser multados. O número de pedidos caiu porque muitos lojistas estão evitando esse transtorno”, afirmou.
Durante a audiência, vereadores cobraram da gestão municipal mais diálogo com os setores afetados e questionaram o contrato com a empresa responsável pela operação da Zona Azul Digital, que prevê cerca de 6 mil vagas rotativas em João Pessoa.