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Lollapalooza é acusado de manter trabalhadores em condições análogas à escravidão
24/03/2023 / 12:22
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Que o Lollapalooza é um festival de música que ocorre anualmente, tem projeção internacional, reúne artistas renomados e um público imenso, já sabemos. Contudo, um evento dessa magnitude consegue nos surpreender negativamente, e não é a primeira vez.

O Lollapalooza Brasil 2023 acontece nos dias 24, 25 e 26 de março, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo e nesta semana, foram resgatados cinco profissionais que trabalhavam na produção do evento. O flagra aconteceu no Autódromo de Interlagos, onde eles trabalhavam como carregadores de bebidas para a Yellow Stripe (terceirizada que opera os bares do festival).

Segundo um dos resgatados, tinham jornadas exaustivas de 12 horas e eram obrigados a vigiar a carga na tenda de depósito, onde dormiam em cima de papelão, e nem podiam relatar a situação, pois o emprego era ameaçado pela chefia. “Eu, com aluguel atrasado, desempregado, cheio de conta pra pagar e uma filha de 9 meses em casa, vou fazer o quê? Viver uma situação como essa em um festival desse tamanho é triste. Ninguém sai de casa para ser humilhado por ninguém, para ficar longe da família, mas a necessidade fala alto.” Os trabalhadores relatam ainda que a realidade exigida é bem diferente do combinado, onde havia sido prometido acomodações dignas. Além disso, atuavam sem os devidos registros trabalhistas.

Além da Yellow Stripe, a Time 4 Fun ou ”T4F” (responsável pelo Lollapalooza) também foi notificada pelo Ministério do Trabalho e do Emprego.

A Yellow Stripe relata ter cumprido sim as normas estabelecidas pelo Ministério do Trabalho. Já a TF4 fez comunicado na íntegra:

“Para realizar um evento do tamanho do Lollapalooza Brasil, que ocupa 600 mil metros quadrados no Autódromo de Interlagos e tem a estimativa de receber um público de 100 mil pessoas por dia, o evento conta com equipes que atuam em diferentes frentes de trabalho, em departamentos que variam da comunicação a operação de alimentos e bebidas, da montagem dos palcos a limpeza do espaço e a segurança. São mais de 9 mil pessoas que trabalham diretamente no local do evento e são contratadas mais de 170 empresas prestadoras de serviços.

A T4F, responsável pela organização do Lollapalooza Brasil, tem como prioridade que todas pessoas envolvidas no evento tenham as devidas condições de trabalho garantidas e, portanto, exige que todas as empresas prestadoras de serviço façam o mesmo.

Nesta semana, durante uma fiscalização do Ministério do Trabalho no Autódromo de Interlagos, foram identificados 5 profissionais da Yellow Stripe (empresa terceirizada responsável pela operação dos bares do Lollapalooza Brasil), que, na visão dos auditores, se enquadrariam em trabalho análogo à escravidão. Os mesmos trabalharam durante 5 dias dentro do Autódromo de Interlagos e, segundo apurado pelos auditores, dormiram no local de trabalho, algo que é terminantemente proibido pela T4F.

Diante desta constatação, a T4F encerrou imediatamente a relação jurídica estabelecida com a Yellow Stripe e se certificou que todos os direitos dos 5 trabalhadores envolvidos fossem garantidos de acordo com as diretrizes dos auditores do Ministério do Trabalho. A T4F considera este um fato isolado, o repudia veementemente e seguirá com uma postura forte diante de qualquer descumprimento de regras pelas empresas terceirizadas.”

O Ministério Público do Trabalho em São Paulo informou que os trabalhadores resgatados pela fiscalização do Trabalho já tiveram suas situações regularizadas e receberam as verbas rescisórias e horas extras em atuação da Superintendência Regional do Trabalho no Estado de São Paulo.

Com reportagem de Aline Ramalho**