Em meio à escalada de tensão com os Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a postura do governo de Donald Trump e afirmou neste domingo (3) que o Brasil seguirá buscando alternativas ao dólar nas transações internacionais, defendendo a criação de mecanismos de pagamento em outras moedas, como já tentou implementar com a Argentina no passado.
“Não vou abrir mão de achar que a gente precisa construir uma moeda alternativa. Eu não preciso ficar subordinado ao dólar. E não estou falando isso agora não: em 2004 nós fizemos isso com a Argentina”, afirmou, citando acordos comerciais regionais firmados durante seu primeiro mandato.
A declaração foi feita durante o 17º Encontro Nacional do PT, em Brasília, no momento em que o governo trabalha para mitigar os efeitos do tarifaço de 50% imposto pelos EUA sobre produtos brasileiros.
Segundo Lula, o Brasil hoje está mais “tranquilo” em relação à sua dependência econômica dos EUA e exige ser tratado em pé de igualdade. “Nós queremos ser respeitados pelo nosso tamanho. Nós não somos uma republiqueta. Tentar colocar um assunto político para nos taxar economicamente é inaceitável.”
O presidente também disse que os americanos já “ajudaram a dar golpe” no Brasil.
“Eu também não vou esquecer que eles já deram golpe aqui, ajudaram a dar golpe. Mas o que eu quero saber é daqui para frente, o que eu faço? Eles têm que saber que nós temos o que negociar. Temos tamanho, temos postura, temos interesses econômicos e políticos”, afirmou Lula, sem especificar a que episódio histórico se referia.
Ainda durante o evento partidário, Lula declarou que evita críticas mais duras ao presidente americano por razões estratégicas, ao avaliar que há limites na forma como o Brasil deve conduzir o confronto. “Eu tenho um limite de briga com o governo norte-americano. Não posso falar tudo o que acho. Tenho que falar o que é possível”, disse, acrescentando que prefere preservar canais de diálogo.
O presidente citou a frase do cantor Chico Buarque “não fala fino com os Estados Unidos, nem grosso com a Bolívia” como norteadora da política externa que pretende manter, com tom pragmático, mas com discurso atrelado à soberania.
Com informações do InfoMoney