Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Emmanuel Macron, da França, devem debater em encontro nesta quinta-feira (28) assuntos em que os dois países discordam no campo da política internacional, como o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul e a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Os chefes de Estado de Brasil e França se encontrarão no Palácio do Planalto, em Brasília, no terceiro dia de viagem pelo país do presidente francês, após Macron passar por Pará, Rio de Janeiro e São Paulo.
As dificuldades para concluir acordo entre o Mercosul e a União Europeia – negociado há mais de 20 anos, e travado por falta de consenso com países como a França – deverão ser uma das principais pautas no encontro entre os dois presidentes.
Interlocutores do governo francês ressaltam que Macron deverá explicar, pessoalmente, qual a posição da França – as razões e as motivações pelas quais não concorda com o texto atual. “Haverá explicações, mas nada de negociação”, dizem esses interlocutores.
A França é a principal opositora ao fechamento do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. As negociações estavam avançadas, mas em dezembro de 2023, Macron disse ser contra o acordo de livre comércio entre os blocos. A expectativa do governo brasileiro era fechar o acordo antes da posse do novo presidente argentino, Javier Milei, crítico do Mercosul.
A declaração de Macron foi feita após um encontro bilateral com Lula, em Dubai, durante a COP 28, a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas.
Em conversa com jornalistas, Macron chamou o acordo de livre comércio de antiquado e “mal remendado”. O presidente francês disse ainda que a versão atual é contraditória com políticas e ambições ambientais do Brasil.
O acordo é negociado desde 1999, envolve 31 países e prevê isenção ou redução na cobrança de impostos de importação de bens e serviços produzidos nos dois blocos.
O governo francês acredita que o Brasil, assim como a França, tem a capacidade de dialogar com outros países importantes no cenário internacional.
Esse é um dos motivos pelo qual Macron também deverá conversar com Lula sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia, que já dura dois anos, e os ataques na Faixa de Gaza.
A diplomacia francesa entende que o Brasil pode ser um intermediário importante no diálogo “entre países do Norte e do Sul”. E que o país pode, inclusive, chamar a atenção da Rússia para que Vladimir Putin cesse as agressões contra o território ucraniano.
Um representante do governo francês ressalta que Emmanuel Macron poderá, por exemplo, dar explicações sobre como foram adotadas regulamentações para responsabilizar plataformas digitais na Europa.
Com informações do g1