Em um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão realizado na noite desta quinta-feira (17/7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu à carta enviada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na qual o líder norte-americano anuncia a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Lula classificou a atitude como uma “chantagem inaceitável” e criticou políticos brasileiros que apoiam a medida, chamando-os de “verdadeiros traidores da pátria”.
Segundo o presidente brasileiro, o governo já havia tentado dialogar com os Estados Unidos, tendo realizado mais de dez reuniões com representantes do governo Trump. Lula afirmou que, mesmo após o envio de uma comunicação formal no dia 16 de maio, não houve resposta por parte do governo americano.
“Esperávamos uma resposta, e o que veio foi uma chantagem inaceitável, em forma de ameaças às instituições brasileiras, e com informações falsas sobre o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos”, declarou Lula.
Durante o pronunciamento, o presidente também defendeu a independência do Judiciário brasileiro e criticou as tentativas de interferência nos processos internos do país. A tensão entre os governos cresceu após críticas de Trump ao Supremo Tribunal Federal (STF), em especial pelo julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pela tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.
“Contamos com um Poder Judiciário independente. No Brasil, respeitamos o devido processo legal, os princípios da presunção da inocência, do contraditório e da ampla defesa”, disse Lula.
Sem citar nomes, Lula criticou políticos brasileiros que demonstraram apoio à medida de Trump, classificando-os como “traidores da pátria”.
“Minha indignação é ainda maior por saber que esse ataque ao Brasil tem o apoio de alguns políticos brasileiros. São verdadeiros traidores da pátria. Apostam no quanto pior, melhor”, afirmou.
Apesar de não ter sido citado diretamente, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que atualmente reside nos Estados Unidos, é apontado como uma das principais pontes com o governo Trump. Desde o anúncio das tarifas, Eduardo tem defendido publicamente as medidas, alegando que se tratam de uma resposta às ações do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Ele é alvo de um inquérito da Polícia Federal por sua atuação política nos EUA.
Lula também comentou sobre os ataques ao sistema de pagamentos brasileiro, o Pix, que passou a ser alvo de uma investigação pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA a pedido de Trump. Apesar de o governo norte-americano não citar diretamente o nome do Pix, a investigação abrange “serviços de comércio digital e pagamento eletrônico”, incluindo sistemas operados por governos.
“O Pix é do Brasil. Não aceitaremos ataques ao Pix, que é um patrimônio do nosso povo. Temos um dos sistemas de pagamento mais avançados do mundo, e vamos protegê-lo”, discursou o presidente.
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