A mãe de um aluno do Colégio Estadual Militarizado Professora Wanda David Aguiar, no bairro Raiar Sol, em Boa Vista no Estado de Roraima, denunciou nesta terça-feira, 28, que teve acesso às conversas entre os servidores da Unidade de Ensino a respeito de alunos que planejavam um massacre contra quem estuda e trabalha na instituição. Segundo ela, a preocupação é o fato de, até o momento, nenhuma providência ter sido tomada contra os envolvidos no plano criminoso, que continuam estudando, mesmo que o setor administrativo da escola tenha conhecimento do caso.
“Eu tomei coragem após o caso do aluno de 13 anos que entrou armado com uma faca em uma Escola Estadual de São Paulo, feriu dois colegas de classe, três professoras e matou uma das educadoras. Eu fiquei nervosa quando vi aquele caso porque sei que em Roraima tem aluno planejando essas coisas e ninguém fez nada até agora. Meu filho é estudante numa escola onde tem um plano de massacre e isso é muito sério”, contextualizou a denunciante.
Conforme a mãe do aluno, os prints chegaram até ela por meio de servidores da Escola que também estão preocupados com a possibilidade de que o plano seja executado e o pior acontecer. “Sou responsável por um aluno da escola e desde que essas conversas chegaram até mim, eu não tenho paz. Professores me contaram sobre o caso durante uma conversa informal, comentando sobre esse possível ataque que alguns alunos estavam arquitetando e sabendo do meu parentesco com um estudante”, explicou.
A mulher disse que o crime foi esquematizado para ocorrer ainda este ano, mas foi interceptado depois que alguns servidores tomaram conhecimento. “A princípio apenas a gestão e os orientadores tiveram acesso ao planejamento do massacre e não contaram para ninguém, acredito que para evitar qualquer instabilidade no ambiente escolar”, acrescentou.
Pelas conversas, a denunciante contou que os autores do plano atacariam a todos os funcionários e demais estudantes, sem qualquer distinção. Os alunos envolvidos no plano criminoso permanecem com suas identidades em sigilo para não sofrerem retaliações e por serem menores. “Os professores não ficaram sabendo quem eram os alunos que planejavam, porque a gestão e a orientação pedagógica acharam melhor não falar os nomes”, ressaltou.
Na denúncia, a mulher garantiu que nenhum dos pais ou responsáveis pelos alunos matriculados na instituição escolar foram chamados para uma reunião, sequer privativa, para tratar de qualquer assunto de natureza criminosa no âmbito da unidade de ensino e que a escola não tomou uma decisão enérgica em relação aos fatos e as medidas de segurança, como vistoria em mochilas, revistas pessoais. “A única vistoria que continuam fazendo é sobre o tamanho da unha dos alunos, se o cabelo está cortado ou preso, se a bolsa é preta, entre outras regras da escola militarizada”, enfatizou.
Assustada, ela revelou que quando teve acesso à conversa do diretor da Escola com outros funcionários, entendeu que nenhuma decisão seria tomada a respeito dos autores do planejamento do atentado e que nem os responsáveis e pais desses envolvidos seriam comunicados. “Queriam colocar panos quentes num assunto grave como esse. A escola sempre teve um histórico de alunos violentos. Mesmo sendo militarizada, professores dizem que estão sendo ameaçados. Ontem tivemos aquele caso de São Paulo e se as escolas de Roraima não agirem, pode acontecer aqui também”, concluiu.
F5 com Folha Boa Vista