A fala da ex-ministra foi em referência à PEC dos Benefícios, que autoriza o governo federal a criar um vale para caminhoneiros e taxistas, dobrar o valor do Auxílio Gás e ampliar o Auxílio Brasil para R$ 600 até o fim de 2022, além de reforço ao programa Alimenta Brasil.

Nesta quinta-feira (7), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidiu adiar a votação da proposta de emenda à Constituição pelo baixo número de presentes na sessão.

“O Brasil voltou para o mapa da fome, esse processo foi agravado terrivelmente no governo Bolsonaro. É claro que a pandemia tem uma incidência sobre isso, mas o governo Bolsonaro que desarticulou políticas sociais propositadamente fez com que essa situação hoje nos levasse a um quadro de termos 33 milhões de pessoas vivendo numa situação de penúria e vulnerabilidade”, disse Marina Silva em entrevista à CNN.

Segundo a legislação, não pode haver concessão de novos benefícios ou distribuição de valores em ano eleitoral, a não ser em casos excepcionais, como o estado de emergência. Para contornar a situação, o texto institui um estado de emergência, permitindo que o presidente fure o teto de gastos e abra os cofres públicos sem esbarrar em restrições da lei eleitoral a três meses do pleito.

“É claro que as pessoas vulneráveis precisam de socorro, mas o governo tá fazendo isso de uma forma puramente eleitoreira, é lamentável que a fome, que não vai terminar depois das eleições, esteja sendo tratada com uma data pra terminar os investimentos na área social, porque a gente sabe que as pessoas vão continuar vivendo a mesma situação de vulnerabilidade”, afirmou Marina, que anunciou na última semana sua pré-candidatura a deputada federal por São Paulo.

Para ela, o correto no país seria ter “políticas estruturantes de transferência de renda, com programas articulados, de inclusão produtiva e olhando pra outros setores que faz com que a gente possa combater a pobreza de forma estrutural. Esse governo fabrica os pobres e depois usa essas pessoas para ganhar voto”.

Apesar das críticas, parlamentares de oposição votaram a favor da proposta na comissão especial. Marina foi questionada sobre isso:

“O governo Bolsonaro sempre atuou na contramão de tudo isso, e ele está fazendo isso por uma questão eleitoreira que tem data pra terminar, em dezembro. E no caso as pessoas que estão criticando essa postura eleitoreira acham que as políticas sociais devem ser continuadas como vinham sendo tratadas em governos anteriores”, afirmou.