Moda autoral, identidade e resistência. É assim que o Festival MCF à Paris, primeira edição internacional do Mercado Capim Fashion, desembarca na capital francesa para apresentar um desfile inédito que une criação independente, artesanato contemporâneo e cultura ballroom. Nos dias 21 e 23 de novembro, o evento ocupará dois espaços culturais em Paris — L’Alimentation Générale e Digital Village — mostrando ao público europeu a força criativa que nasce na Paraíba.

O desfile será apresentado nos dois dias da programação, cada um dividido em dois momentos: o primeiro trará a moda autoral paraibana, protagonizada por marcas e designers que integram a curadoria do evento; o segundo é assinado pela Casa da Baixa Costura, coletiva paraibana representante do movimento ballroom.

Assim, o MCF mostra em Paris que a moda é múltipla: pode nascer de um território e representar sua história, mas também ser linguagem política, experimental e dissidente.

Moda autoral paraibana: território, materialidade e ancestralidade na passarela

A primeira parte do desfile é dedicada à moda autoral paraibana, com criações que expressam afeto, sustentabilidade e pertencimento ao território. Com curadoria do estilista Romero Sousa, a passarela apresentará peças feitas à mão em técnicas como bordado labirinto, renda renascença, macramê, tingimento natural com plantas da Caatinga, pintura manual em seda e upcycling, além do uso de fibras naturais e algodão colorido da Paraíba.

São vestidos, kaftans, camisas, kimonos, bolsas artesanais, biojoias, peças pintadas à mão e acessórios com narrativas próprias, que falam sobre a relação com a natureza, a ancestralidade do fazer manual e a moda como conexão entre vestir e identidade.

“Nossa moda não é sobre seguir tendências – é sobre territorialidade, memória e futuro”, ressaltou Romero Sousa, que aproveita o evento para lançar sua nova marca, Réstia.

Moda como ponte entre territórios

Os desfiles serão realizados com modelos residentes em Paris, entre brasileiros e franceses, resultado de articulação da La Terreirada, associação que promove a cultura brasileira na França e produz, junto com a produtora Criativo, a edição francesa do MCF.

Além da passarela, o festival também produzirá um editorial de moda na cidade com as peças das marcas que estarão em exposição no festival. O editorial reforça a expansão da moda autoral paraibana para novos mercados e plataformas.

“Desfilar em Paris é abrir portas para a moda independente da Paraíba. É colocar nossa estética no mapa global”, ressaltou Isa-Caires Sousa, produtora do MCF.

Cultura ballroom: moda como manifesto e insurgência

Fechando os desfiles nos dias 21 e 23, a Casa da Baixa Costura, primeira house de ballroom da Paraíba, apresenta a coleção cápsula “Pra Não Esquecer Do Que Somos Capaz”, assinada por Dorot Ruanne, travesti, artista multidisciplinar e pesquisadora têxtil.

A proposta nasce da pedagogia do lixo, ressignificando materiais descartados para criar indumentárias que cruzam moda, audiovisual e cultura transvestigênere. O fashion film “Mitologia Têxtil”, produzido em residência artística, integra a apresentação.

“⁠Estou bastante animada para mostrar pro mundo as potências afropindoramicas que se forjam em nosso território, pensar na encruzilhada transcestral da cultura Ballroom com nossa identidade paraibana”, disse  Dorot Ruanne, fundadora da Casa da Baixa Costura.

CONHEÇA MAIS SOBRE OS EXPOSITORES

Morada
Design + artesanato + biodiversidade. Valorização do bordado Labirinto e tinturaria natural da Caatinga com impacto social no agreste paraibano.
Viva Celina
Moda agênero e consciente com linho e algodão colorido da Paraíba. Peças atemporais, afetivas e com propósito.
Make U Better
Moda autoral em viscose sustentável. Estampas criadas a partir de texturas da natureza. Vestidos, kimonos e camisas.
Camila Demori
Acessórios e objetos feitos a partir de plástico reciclado. Moda como ferramenta ambiental e social com mulheres catadoras.
Lu Toscano
A designer apresentará uma t-shirt exclusiva para o evento, em malha 100% algodão com impressão em silk base água, com pontos turísticos da cidade de Cabedelo.
Clotilde – Seda Pura
Pintura à mão em seda pura. Lenços, echarpes e kaftans únicos, onde a seda vira arte.
Vestida de Arte
Peças pintadas à mão em fibras naturais. Moda como expressão artística inspirada em afetos e referências nordestinas.
Aramê (Julieta Estevão)
Associação com 39 artesãos. Vestuário em macramê criado artesanalmente há mais de 25 anos.
Marlene — Renda Renascença
Trabalho manual em renda renascença aplicado em vestuário e acessórios. Tradição, técnica e delicadeza.
Sta Lu
Bolsas artesanais com propósito. Conecta o natural ao sofisticado respeitando tempo, processo e pessoas.
Réstia + Atelier Renascer
Nova marca paraibana que une renda renascença 3D, couro e jeans. Inovação com atitude contemporânea.
Jô do Osso
Biojoias feitas a partir de elementos naturais, gerando renda e impacto social na comunidade onde vive.
Valéria Antunes
A marca de acessórios autorais reúne peças feitas à mão — como colares, bolsas, anéis e brincos — produzidas com técnicas artesanais como crochê, torção de metal e bordado, prezando por identidade e acabamento primoroso.
Papuiê
Bordados manuais que traduzem memória e afeto. A coleção “João Pessoa” homenageia marcos históricos da capital.

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