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Meditação: O poder da presença no agora
05/09/2021 / 11:15
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Difundida no Oriente há milhares de anos, a meditação vem ganhando cada vez mais adeptos no Ocidente, sobretudo nas últimas décadas. Para além da ligação com o espiritual, ciência e medicina já comprovaram inúmeros de seus benefícios para corpo, mente e emoções.

Uma pesquisa divulgada em julho mostrou que, durante o primeiro ano da pandemia, 61,7% dos brasileiros entrevistados fez uso de alguma prática integrativa e complementar (PIC), como yoga, fitoterapia, reiki, aromaterapia, meditação, entre outras.

O estudo foi uma parceria entre pesquisadores do Observatório Nacional de Saberes e Práticas Tradicionais, Integrativas e Complementares em Saúde (ObservaPICS) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict) e da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP/Unifase), no Rio de Janeiro. A meditação, junto com a fitoterapia, liderou o ranking entre os entrevistados, com um percentual de 28% de usuários entre os pesquisados.

Um trabalho realizado por pesquisadores da Universidade de Binghamton, nos Estados Unidos, e publicado na revista Scientific Reports, acompanhou como a prática da meditação afetou os padrões cerebrais de 10 alunos da universidade. Os resultados mostraram que, em oito semanas de meditação, os cérebros dessas pessoas já estavam mais rápidos.

Grandes personalidades já enalteceram a prática. Steve Jobs, dono de uma das mentes mais engenhosas dos nossos tempos, começou a meditar em 1973, antes da criação da Apple. Além disso, empresas como Google e Ford passaram a ensinar os seus funcionários a formar grupos de meditação.

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“A ciência já comprovou que a meditação é eficiente contra o estresse, que melhora a memória e o raciocínio confuso, aumenta a disposição, aumenta a concentração e ajuda as pessoas desequilibradas emocionalmente a melhorarem”, explica a terapeuta Catia Simionato, criadora do canal Ser Felicidade, um dos maiores no país voltados para a expansão da consciência. O espaço reúne mais de 1,12 milhão de seguidores no YouTube, Instagram, Facebook, Telegram e Spotify. Grande parte dessas pessoas começaram a acompanhar o trabalho da profissional no primeiro ano da pandemia, onde confusão, mudanças bruscas e incertezas se somavam ao pânico instalado pela covid-19.

“Um assunto muito comum entre meus alunos e seguidores é sobre a dificuldade com a meditação. Muita gente acha que meditação é algo complicado. Só a palavra meditação já assusta e acham que não sabem ou não conseguem meditar”, diz Catia, especialista em desenvolvimento pessoal e autoconhecimento.

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Mas o que é meditação?

Basicamente, meditação é o nome que se dá quando a gente não está dando atenção aos próprios pensamentos.

“A primeira coisa a notar é que os pensamentos acontecem. Pensar não exige uma ação da nossa vontade. A gente está andando por aí e, de repente, os pensamentos simplesmente aparecem. Às vezes nem queremos pensar em algo, mas os pensamentos voltam o tempo todo. Os pensamentos não são reais e, mesmo assim, nos deixam malucos, nervosos, com medo, ansiosos e atormentados. A meditação é uma prática que nos afasta temporariamente dos nossos pensamentos, colocando nossa atenção em outra coisa, como a respiração”, destaca a terapeuta.

O barato é que, durante a meditação, paramos de focar no passado e no futuro, como acontece praticamente o tempo todo, e ficamos mais atentos ao momento presente. “Esse é o segredo da meditação”, afirma Catia.

Dicas para meditar mais e melhor

Meditação significa tirar a atenção da enxurrada de pensamentos da mente e colocar a atenção em outra coisa. O mais simples de qualquer prática é simplesmente direcionar a atenção para a respiração. “Isso coloca a pessoa no momento presente e, quando isso acontece, a mente tende a desacelerar e até silenciar completamente”.

Uma orientação de vários profissionais, no entanto, é não meditar se você estiver muito cansado, pois pode acabar dormindo.

“Meditação é para a gente acordar, e não para dormir”

Para os iniciantes, a dica é não exigir demais de si próprio: Comece com alguns minutos. Não é fácil tirar a atenção da mente. Comece praticando de um a três minutos nas primeiras sessões, colocando toda a sua atenção na sua respiração. Quando ficar confortável, dias depois, aumente para 5, depois para 7 e assim sucessivamente.

Se você é agitado demais para praticar a meditação tradicional, parado, que é chamada de meditação passiva, pode experimentar a meditação ativa, que é quando você está em movimento fazendo algo, como lavando louças ou caminhando.

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“Eu mudei a minha vida praticando uma caminhada meditativa todas as manhãs”, revela Catia Simionato.

Na caminhada meditativa, a dica é caminhar diariamente por qualquer lugar uns 10, 15 ou 20 minutos, prestando muita atenção no que encontra pelo caminho, como se fosse a primeira vez que a pessoa vê tudo aquilo. Isso vai tirar a atenção da mente e levar para as coisas ao seu redor.

Outro ponto importante é ser gentil consigo mesmo. “Durante a meditação, a sua mente logo vai começar a criticar a forma como você medita, te dizendo que você precisa meditar melhor. Não caia nesses pensamentos. Durante a meditação, trate-se como uma criança pequena que está aprendendo alguma coisa. Tenha paciência”, acrescenta a especialista.

Também existem dúvidas sobre a melhor posição para meditar. “Pela minha experiência eu não recomendo que a pessoa tente meditar deitado porque, desse jeito, ela relaxa e há um condicionamento mental para dormir”, diz Catia. Segundo ela, o corpo deve estar relaxado, porém não deitado. Sobre isso, há um ponto interessante, que remete às mais antigas tradições no Oriente: sentado, todos os centros de força (chakras) tendem a se alinhar e formar um fluxo de energia que facilita a meditação.

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Se você está em um local barulhento, saiba que é possível meditar nessas condições. “O externo não tem nada a ver com meditação. Eu aprendi a meditar, aos 13 anos, no mais absurdo barulho, com rádio ligado o tempo inteiro e do lado da oficina mecânica do meu pai. Então, não importa o que esteja acontecendo fora, o silencio deve ser interno”, diz a terapeuta.

Ela explica que algumas frequências musicais ajudam a induzir à meditação, como as de 528 Hz – umas das frequências de Solfeggio, escala de seis tons popularmente utilizada pela Igreja Católica em alguns hinos e, principalmente, no Canto Gregoriano. Esta frequência também é chamada de frequência do amor e contribui para tornar as ondas cerebrais maiores, saindo das ondas Beta (que é o normal no nosso dia a dia) e indo para as ondas Alfa, que são responsáveis por um estado de relaxamento profundo.

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“Com a meditação, em resumo, a pessoa fica mais atenta à realidade. Essa prática nos conduz a um estado de presença no agora, cada vez de uma forma mais consciente, deixando de lado lembranças negativas do passado e parando de traçar cenários negativos para o futuro. Quando somos mais presentes na realidade, nós percebemos nossas benções ou situações positivas com muito mais facilidade. Ficamos mais atentos para não entrar em confusão com outras pessoas ou para não cair em mentiras ou manipulações criadas por nossa mente ou por outras pessoas. E saímos da atividade cerebral da constante sensação de falta e insatisfação”, destaca a terapeuta Catia Simionato.

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