O Cofeci realizou uma pesquisa que redefine nossa compreensão sobre o perfil dos corretores de imóveis no Brasil. Realizado recentemente, o estudo mapeia as características demográficas desses profissionais e investiga suas motivações, desafios e perspectivas para o futuro.
Com uma amostra de 9.261 entrevistas, a pesquisa revela um cenário complexo e multifacetado. Um dos dados mais surpreendentes é o alto nível de satisfação profissional: 96% dos corretores expressam orgulho pela profissão, enquanto 83% se declaram satisfeitos com sua carreira. Esses números contrastam com a percepção muitas vezes negativa que o público em geral tem da profissão, sugerindo um descompasso entre a realidade vivida pelos corretores e a imagem projetada para a sociedade.
O perfil demográfico dos corretores também traz revelações interessantes. A profissão ainda é predominantemente masculina, com 68% dos profissionais sendo homens. Este dado destaca significativamente a distribuição de gênero na população geral, onde as mulheres representam 51% dos brasileiros. Além disso, a pesquisa aponta para uma sub-representação de profissionais negros no setor, com 92% dos corretores se identificando como brancos ou pardos, o que levanta questões importantes sobre diversidade e inclusão no mercado imobiliário.
No quesito educação, os números são animadores: a maioria dos corretores possui ensino superior completo, indicando um alto nível de qualificação acadêmica. Este dado é particularmente relevante quando consideramos que apenas 17,4% da população brasileira possui diploma universitário, segundo dados do IBGE, o que ressalta que a formação acadêmica sólida pode ser um fator muito relevante para a crescente profissionalização e valorização da carreira.
Um aspecto que chama atenção é a estabilidade financeira aparente dos corretores. A pesquisa revela que 62% possuem imóvel próprio e quitado, um percentual significativamente maior que a média nacional. Além disso, 90% dos profissionais relatam ganhar acima de R$ 3.422 mensais, que é considerada a renda média do brasileiro. Ainda mais impressionante, 19% dos corretores se encontram entre os 5% mais ricos do país, com rendimentos superiores a R$ 10.000 mensais
Contudo, o estudo também expõe desafios. A maioria dos corretores realiza menos de 10 vendas por ano, o que sugere um mercado altamente competitivo e possivelmente saturado em algumas regiões. Essa realidade pode explicar por que muitos profissionais buscam diversificar suas atividades, com interesse em áreas como avaliação de imóveis e participação em leilões.
A pesquisa também lança luz sobre as ferramentas e estratégias utilizadas pelos corretores. As redes sociais, especialmente Facebook e Instagram, são amplamente utilizadas como plataformas de marketing e networking. No entanto, há uma clara preferência por eventos presenciais, indicando que, mesmo na era digital, o contato pessoal ainda é valorizado no setor imobiliário.
Um dado curioso é que 33% dos corretores falam outros idiomas, uma habilidade que pode ser um grande diferencial profissional em um mercado globalizado, especialmente em regiões turísticas ou que atraem investidores estrangeiros.
O estudo do Sistema Cofeci-Creci também aponta para tendências futuras. Há uma demanda clara por maior capacitação, especialmente em áreas como avaliação de imóveis e novas tecnologias. Isso sugere que a profissão está em constante evolução, adaptando-se às mudanças do mercado e às expectativas dos clientes.
Em suma, a pesquisa revela um profissional de corretor de imóveis mais qualificado, satisfeito e financeiramente estável do que se poderia supor. No entanto, também expõe desafios significativos, como a necessidade de maior diversidade e a alta competitividade do mercado.
À medida que o mercado imobiliário continua a evoluir, impulsionado por mudanças tecnológicas e socioeconômicas, o papel do corretor de imóveis também se transforma. Esta pesquisa não apenas oferece um instantâneo valioso do estado atual da profissão, mas também fornece insights cruciais para moldar seu futuro. Para os aspirantes a corretores, investidores e até mesmo para os consumidores, compreender este novo perfil é fundamental para navegar no complexo e dinâmico mundo do mercado imobiliário brasileiro.