Moradores de Baía da Traição, localizada no Litoral Norte da Paraíba, enfrentam sérias consequências do avanço do mar. Recentemente, uma casa na faixa litorânea foi encontrada virada de ponta-cabeça, evidenciando a gravidade da situação. Segundo o professor e pesquisador Celso Santos, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a cidade perdeu cerca de 80 metros de território em um dos trechos analisados ao longo de 40 anos. A pesquisa, que ainda está em andamento, aponta que, em média, a cidade perdeu 12 metros de faixa litorânea desde 1984, com uma taxa de recuo de 0,29 metros por ano.
Em Baía da Traição, na Paraíba, o avanço do mar resultou na perda de 80 metros de território e na destruição de casas, incluindo uma que virou de ponta-cabeça.
A erosão é mais acentuada na área central, onde a urbanização é intensa, enquanto as extremidades, com vegetação nativa e dunas, apresentam maior estabilidade. A pesquisa identificou que a perda de território é resultado de fatores naturais, como marés elevadas e a ausência de grandes rios que aportem sedimentos, além de problemas causados pela ação humana, como ocupação desordenada e desmatamento.
“A ocupação desordenada da faixa costeira e a retirada de vegetação de restinga comprometem o equilíbrio natural da linha de costa”, afirmou Santos. Ele destacou que, apesar de algumas áreas terem ganho território, o fenômeno é comum em sistemas costeiros e depende de múltiplos fatores.
Além da casa danificada, mais de 20 residências foram perdidas devido à erosão, levando à declaração de situação de calamidade pública. A Praia do Forte, onde a rodovia PB-008 passa, é uma das áreas mais afetadas. O município, que possui uma população predominantemente indígena, enfrenta riscos significativos, incluindo a destruição de áreas de pesca e lazer, ameaças à infraestrutura e danos aos ecossistemas costeiros.
Para mitigar os efeitos do avanço do mar, o estudo recomenda a criação de um plano de gerenciamento costeiro e projetos de recuperação de dunas. Santos alertou que, se a taxa de recuo continuar, a Baía da Traição pode perder mais 8 metros de território até 2050. A Defesa Civil local propõe a construção de um semicírculo de concreto e o alargamento da faixa de areia, com um custo estimado de R$ 86 milhões.
A situação em Baía da Traição não é isolada. Outras áreas na Paraíba, como o município de Conde, também enfrentam o avanço do mar, com projeções de que até 12% do território pode ser submerso nos próximos anos. O monitoramento contínuo e a implementação de políticas públicas são essenciais para enfrentar essa crise ambiental.