Faleceu às 10h40 deste domingo no Hospital Alvorada em Brasília, o jornalista paraibano Alexandre Torres, aos 70 anos. Ele se encontrava, desde dezembro de 2007, vivendo de forma vegetativa após sofrer no dia 23 de dezembro daquele ano, véspera do Natal, um Acidente Vascular Cerebral (AVC), quando saía da missa na Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe no DF com sua esposa, Ana Maria Torres.
Na época, ele foi atendido e cirurgiado no Hospital da Unimed, atendido pelo neurocirurgião Werner Costa Cantanhede e submetido à cirurgia em caráter de urgência com o objetivo de drenar o sangue para diminuir a pressão intracraniana. Para isso, foi introduzida a Derivação Ventricular Externa (DVE), em uma cirurgia que foi bem sucedida.
Diante desse quadro, foi requisitada a retirada do coma induzido, seguindo para o quarto. Mas, aconteceu, de acordo com o prontuário médico que o hospital esqueceu de amarrar as mãos do paciente e ele se extubou – expressão que significa a retirada do turbo responsável pela oxigenação, reação reflexa normal a todo cirurgiado que desperta do coma induzido. Isso ocasionou a falta de oxigenação no cérebro, tempo suficiente para deixá-lo com sequelas irreversíveis.
Tentou-se sem êxito, o procedimento de reentubação e, por solicitação do plantonista que atendia a UTI naquele momento, a traqueostomia de urgência, executada depois pelo cirurgião, mas já era tarde. Alexandre Torres, apresentava estado de consciência mínima, detalhado como nível três da escala de Glasglow, que significa a quase morte cerebral.
De lá para cá, sua esposa Ana Maria Torres, mantinha um verdadeiro exército de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, auxiliares de enfermagem para oferecer as melhores condições possíveis para sua sobrevivência.
Nos primeiros anos das sequelas, os profissionais que o acompanhavam foram treinados pelo hospital Sarah Kubitschek para que ele não se ferir nem perder a mobilidade nos movimentos. Durante a pandemia chegou a contrair Covid mas recuperou-se bravamente depois de ficar quase dois meses em tratamento renal no hospital DF Star.
Em 2013, após 6 anos de batalha judicial a 9ª Vara Cível de Brasília condenou a Unimed do Brasil e a Medial Saúde S/A a indenizarem o jornalista Alexandre José Guerra Torres, inválido desde então com um valor de R$ 437 mil e ajudar a família nas despesas necessárias ao tratamento médico e assistencial até o final de sua vida.
“Além de ver meu pai sem rir, sem falar, sem andar, sem se expressar, sem interagir, nós, da família, tivemos de conviver com um ônus material altíssimo, sem saber até quando vamos suportá-lo”, disse a advogada Isabela Torres em uma das inúmeras audiências em que atuou pessoalmente nesses últimos 15 anos.
Alex, como era carinhosamente tratado pelos mais próximos deixa 6 filhos;
Alessandra Torres, jornalista e fundadora do Portal F5 Online, Carlos Torres, Engenheiro Civil e Mecânico, Andrea Torres Maciel, Pedagoga, Isabela Torres e Ian Torres, advogados, e Igor Torres, administrador.
No início da tarde desde domingo, a família em nota agradeceu o carinho dos amigos, familiares, médicos e profissionais da saúde e especialmente à Ana Maria Bermudez Torres, sua companheira que, nesses últimos 15 anos, esteve com ele em todos os momentos, dando um exemplo de companheirismo que sempre comoveu a todos:
Comunicamos aos amigos e familiares o falecimento do nosso pai Alexandre Torres, ocorrido na manhã deste domingo ((29) em Brasília. O velório ocorrerá a partir das 8h30 da manhã desta segunda-feira (30) no Templo Ecumênico do Cemitério Campo da Esperança na Asa Sul em Brasília e o sepultamento será às 11h no mesmo local.
Sobre Alexandre Torres
Alexandre Torres, era natural de João Pessoa, filho de JJ Torres, advogado e jornalista e de Voleide Terezinha Guerra Torres, funcionária pública federal.
No início da carreira, Alexandre Torres atuou nos jornais O Norte, Correio da Paraíba e A União, passando também pela Secom do Governo do Estado e Rádio Tabajara.
Na década de 1980, mudou-se para Brasília, atuando no Escritório de Representação do Governo da Paraíba, mas logo em seguida, recebeu convite para atuar no Correio Braziliense, o principal jornal da capital da República na época, onde assumiu a Chefia de Reportagem e também se tornou um dos principais colunistas, ficando lá por mais de uma década.
Torres ainda se tornou um dos principais assessores do então presidente nacional do PFL, Marco Maciel, atuando diretamente nas duas campanhas em que ele foi eleito vice-presidente da república ao lado de Fernando Henrique Cardoso.