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Morre o arcebispo emérito de SP e ex-prefeito da congregação para o clero, cardeal Cláudio Hummes
04/07/2022 / 12:00
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Faleceu nesta segunda-feira (4) o cardeal Dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo e ex-prefeito da Congregação para o Clero. Ele tinha 87 anos e morreu em casa, onde permanecia em cuidados paliativos após um quadro de câncer no pulmão. O corpo será velado na Catedral Metropolitana de São Paulo. Já o sepultamento ocorrerá na Cripta da Catedral.

“A Igreja em São Paulo rende graças ao Senhor pela vida de Dom Cláudio, por seu exemplo de Pastor zeloso do povo de Deus. O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, convida todos a elevarem preces de louvor e gratidão a Deus e de sufrágio em favor do falecido Cardeal Hummes”, manifestou em nota a Arquidiocese de São Paulo.

Nascido em 8 de agosto de 1934, em Montenegro (RS), Aury Afonso Hummes (nome de registro) entrou para a vida religiosa os 17 anos de idade, quando ingressou, em 1952, na Ordem dos Frades Menores – franciscanos. Ordenado sacerdote em 1958, foi enviado a Roma, onde obteve o doutorado em Filosofia na Pontifícia Universidade Antonianum, em 1963.

Nomeado Bispo por São Paulo VI, em março de 1975, Dom Cláudio Hummes assumiu a Diocese de Santo André (SP), em dezembro do mesmo ano, e ali permaneceu por 21 anos, até 1996, quando foi nomeado para a Arquidiocese de Fortaleza (CE).

Em Santo André, Dom Cláudio Hummes acompanhou de perto a pujança do movimento operário no Brasil, incluindo a histórica greve geral do metalúrgicos do ABC no fim da década de 1970. O Bispo, muitas vezes, abriu as portas da Catedral de Santo André para assembleias, presidiu missa com a participação dos grevistas e posicionou-se corajosamente contra as demissões dos manifestantes.

Em Fortaleza, entre 1996 e 1998, Dom Cláudio coordenou um intenso trabalho com as famílias, especialmente com as mais pobres e endividadas, no contexto da preparação do 2º Encontro das Famílias com São João Paulo II e do Congresso Teológico Pastoral sobre a Família, em outubro de 1997. Também aprovou o reconhecimento canônico em âmbito diocesano dos estatutos da Comunidade Shalom e mobilizou a Arquidiocese em uma campanha de arrecadação para que se viabilizasse na capital cearense uma retransmissora da Rede Vida de Televisão.

Em 1998, São João Paulo II o nomeou como Arcebispo de São Paulo, onde permaneceu até 2006, tendo sido feito cardeal pela Papa em 2001.

Na maior metrópole do país, Dom Cláudio preocupou-se com a condição de vida das pessoas mais pobres, fazendo com que a Arquidiocese apoiasse projetos de emprego e geração de renda, e promoveu o “Seminário da Caridade”, a partir de 2001, para mapear todas as ações caritativas que a Igreja em São Paulo realizava naquele momento.

Entre 2006 e 2010, nomeado pelo Papa Bento XVI, Dom Cláudio foi o Prefeito da Congregação para o Clero, no Vaticano. Na função, enfrentou questões como os casos de pedofilia e a laicização, processo pelo qual os padres deixam o sacerdócio.

No cargo como prefeito da Congregação para o Clero, Dom Cláudio contribuiu para a aprovação do Acordo Brasil – Santa Sé, em 2008, trabalhou em prol da canonização do Apóstolo do Brasil, Beato José de Anchieta (algo que seria efetivado em 2014), e dedicou-se para a organização e realização do Ano Sacerdotal, 2009-2010.

Olhar para os indígenas

De volta ao Brasil, foi nomeado Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cargo que exerceu até 2019.

Em 2014, ajudou a criar a Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), da qual foi o primeiro Presidente. Em 2019, foi Relator-geral do Sínodo para a Amazônia e, de julho de 2020 a março de 2022, presidiu a Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama).

Falando na COP21, uma cúpula internacional sobre o clima, em dezembro de 2015, Dom Cláudio manifestou irrestrito apoio ao modo de vida dos indígenas: “é preciso defendê-los, defender seus direitos, dar-lhes de novo a possibilidade de serem os protagonistas de sua história, os sujeitos de sua história. Deles foi tirado tudo: a identidade, a terra, as línguas, sua cultura, sua história, tudo”.