
O Ministério Público da Paraíba (MPPB) iniciou a apuração sobre supostas irregularidades no Parque da Bica, localizado em João Pessoa, local onde um jovem perdeu a vida após entrar no recinto de uma leoa e ser atacado. A investigação foi formalizada por meio de um pedido de informações a órgãos de administração e ambientais, ordenado nesta quarta-feira (3), pelo promotor Edmilson de Campos Leite Filho.
O pedido do MPPB baseia-se em dois relatórios que indicam problemas na gestão do parque. O primeiro, produzido pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), através do Núcleo de Justiça Animal, identificou riscos ambientais, manejo inadequado da fauna, problemas hidrossanitários, presença de animais domésticos, deficiências nos recintos e possível contaminação hídrica. Esse estudo foi realizado antes do ataque registrado em 30 de novembro.
O segundo relatório foi elaborado pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema) após inspeção feita em agosto e concluída em setembro. Essa análise apontou agravamento das irregularidades, incluindo furtos de animais, morte de espécimes silvestres, descaso sanitário e negligência no manejo da fauna cativa.
O documento da Sudema destaca várias falhas que prejudicam a integridade ambiental e o bem-estar dos visitantes e animais. Entre as irregularidades estão:
O relatório também registrou que apenas quatro das 32 câmeras de vigilância estavam operando no parque no momento da inspeção.
Quanto à fauna, foram constatadas falhas na marcação individual dos animais, ausência de microchipagem obrigatória, registros inconsistentes no Sistema Nacional de Gestão da Fauna Selvagem (Sisfauna) e falta de atualização sobre nascimentos, óbitos, furtos e abates desde fevereiro de 2023.
O Ministério Público direcionou ofícios para diversos órgãos visando esclarecimentos e ações corretivas:
O jovem Gerson de Melo Machado, 19 anos, morreu após invadir o recinto de uma leoa no Parque Arruda Câmara, conhecido como Parque da Bica, no dia 30 de novembro. Imagens divulgadas mostram o momento em que ele sobe pela estrutura da jaula e é atacado pelo animal. A morte motivou a análise das condições do parque pelos órgãos responsáveis e o acompanhamento pelo Ministério Público.
A administração do parque informou que emitirá nota oficial sobre a solicitação do Ministério Público. A investigação busca garantir transparência e a adoção de medidas para prevenir novos incidentes e assegurar o cuidado adequado com os animais e visitantes.