
Durante solenidade realizada na manhã desta sexta-feira (5/12) no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), em João Pessoa, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, defendeu que o enfrentamento à violência contra a mulher exige mais do que ações repressivas ou ampliação da rede de acolhimento. Segundo ele, o problema tem raízes culturais profundas e só será superado com uma transformação social duradoura.
Lewandowski participou, ao lado do governador João Azevêdo, da entrega de 18 novas viaturas ao Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba — 12 ambulâncias de Auto Resgate e seis caminhões de Auto Busca e Salvamento, adquiridos com recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública. O evento também apresentou um relatório atualizado das Salas Lilás, unidades de atendimento humanizado para mulheres vítimas de violência.
Em seu discurso, Lewandowski destacou que o Estado brasileiro tem avançado na criação de políticas de proteção, mas reforçou que a violência de gênero não será superada apenas com ações de repressão e acolhimento.
“A questão da violência contra a mulher, assim como a do racismo e as agressões ao meio ambiente, são questões estruturais, culturais. É claro que a repressão e o acolhimento são importantes, mas se nós não mudarmos a mentalidade da sociedade, a cultura de agressão às mulheres e às pessoas que são diferentes de nós, não vamos avançar tanto quanto queremos.”
O ministro afirmou que essa mudança precisa começar pelas escolas e pela formação de crianças e jovens, apontando que diversos estados ainda enfrentam desafios para incorporar uma educação que combata a misoginia, o preconceito e a violência.
A fala ocorre num momento de comoção no país por causa do caso da mulher de 31 anos arrastada por aproximadamente 1 km pelo ex-namorado na Zona Norte de São Paulo, crime que resultou na amputação de suas duas pernas e reacendeu o debate sobre feminicídio, impunidade e prevenção.
O episódio, apontado pela polícia como tentativa de feminicídio, se somou a outros casos recentes que evidenciam a gravidade da violência de gênero no Brasil e o perfil recorrente dos agressores — homens próximos, parceiros ou ex-companheiros.
Lewandowski também ressaltou os esforços do Governo Federal na estruturação das Salas Lilás e no fornecimento de equipamentos às forças de segurança.
Ele reconheceu, porém, limitações orçamentárias para a criação de delegacias especializadas da mulher em todo o país e defendeu a adaptação de espaços dentro de delegacias comuns para oferecer atendimento digno e acolhedor às vítimas.
“Nós não temos verbas para instalar delegacias especializadas em todo o país. Por isso estamos adaptando salas para garantir um atendimento mais humano, com profissionais preparados e espaços adequados para as mulheres e seus filhos.”
O ministro citou ainda a dificuldade de renovação da frota das patrulhas Maria da Penha e a necessidade de ampliar os meios de proteção e resposta rápida.
Na solenidade, o governo estadual oficializou a entrega de quatro novas ambulâncias destinadas ao Programa Resgate Maria da Penha, que atuarão nos comandos regionais de João Pessoa, Campina Grande, Patos e Guarabira. Segundo o governador João Azevêdo, a ampliação da capacidade de resposta é fundamental para proteger vidas.
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