BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) repetiu na manhã deste sábado (10) um roteiro de ataques e de desprezo pelas regras sanitárias.
Bolsonaro realizou neste sábado um passeio de moto pela periferia do Distrito Federal e visitou uma casa onde estava um grupo de venezuelanas que migraram recentemente ao Brasil por conta da crise econômica e política da Venezuela, governada pela ditadura de Nicolás Maduro.
Ele e seus auxiliares no local não usaram máscara de proteção facial na conversa com o grupo.
Em fala transmitida em suas redes sociais, Bolsonaro atacou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), a quem chamou de ‘patife’, e reafirmou que não pretende adotar um lockdown nacional para conter a disseminação do coronavírus – medida defendida por especialistas como necessária para frear a disseminação da Covid-19.
O presidente disse ainda que o “nosso Exército” jamais cumpriria uma determinação do tipo e acusou o STF (Supremo Tribunal Federal) de ter conferido “superpoderes” a governadores e prefeitos.
“Eu tenho o poder de, numa canetada, fazer um lockdown no Brasil todo, mas isso não será feito. O nosso Exército não vai para a rua para obrigar o povo a ficar em casa. Quem está fazendo isso tudo são governadores e alguns prefeitos. Eu acho que chegou no limite, essa política não está dando certo.”
“O nosso Exército nunca irá à rua para forçar você a ficar em casa, nunca. O nosso exército [não] fará qualquer coisa contra a liberdade individual de vocês. E vocês sabem que em todos os momentos que vocês precisaram das Forças Armadas do Brasil, elas estiveram do seu lado; e não ao lado de possíveis governantes com viés ditatorial”, afirmou.
Na fala, Bolsonaro aproveitou a presença das venezuelanas para criticar os governos Lula e Dilma, aliados do chavismo na América do Sul.
“São pessoas, a grande maioria vindas da Venezuela, o regime que o PT queria impor no Brasil. Jovens, a maioria são mulheres, que fugiram da fome , da violência e da ditadura venezuelana”, afirmou, em transmissão no Facebook.
Bolsonaro criticou em diferentes ocasiões governadores e prefeitos que determinaram o fechamento de comércio e restrições de movimentação, numa tentativa de frear a disseminação do vírus.
“Dá para admitir no Brasil essa política de lockdwon feche tudo? Toque de recolher?”, disse Bolsonaro. “Tudo tem um limite. Eu e todo o meu governo estamos ao lado do povo. Todos os 23 ministérios estão ao lado do povo. Não abusem da paciência do povo brasileiro”, complementou.
Ele citou diretamente Doria e afirmou que o resultado das ações de fechamento de comércio em São Paulo será um pico inflacionário que, segundo o presidente, o governador responsabilizará o governo federal.
“Parece que esses caras querem —como esse patife de São Paulo quer— quebrar o estado, quebrar o Brasil para depois apontar um responsável. É coisa de patife, que é esse cara que está em São Paulo e que usou o meu nome para se eleger”, disse Bolsonaro.
A fala de Bolsonaro é uma referência ao slogan “BolsoDoria”, que marcou o segundo turno das eleições de 2018 e ajudou o atual governador a vencer a eleição. Posteriormente Doria e Bolsonaro romperam.
O presidente se queixou ainda da decisão do STF desta semana que autorizou estados e municípios a fecharem tempos religiosos para impedir aglomerações durante a pandemia. “Lamento superpoderes que o STF deu a governadores e prefeitos para fechar inclusive salas e igrejas de cultos religiosos. É o absurdo dos absurdos”.
Na conversa com o grupo de venezuelanas, Bolsonaro voltou a defender o que chama de “tratamento imediato” contra a Covid-19. A expressão, semelhante ao “tratamento precoce”, é usada por defensores do uso de substâncias ineficazes para a doença, como a hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina.
Bolsonaro é um defensor desses medicamentos, mas tem evitado se referir diretamente a eles diante das diversas críticas de que o tratamento precoce não só é ineficaz como está associado a efeitos colaterais.
Dessa forma, o presidente tem mantido o apoio ao uso das substâncias argumentando que os médicos têm liberdade de receitar remédios, mesmos os que não têm eficácia comprovada.