Como já abordamos neste espaço, o boom da inteligência artificial trouxe muita animação, mas também uma onda de preocupação: será que o Arnold Schwarzenegger realmente vai ter olho biônico e um esqueleto de aço? Brincadeiras à parte, a preocupação é real e crescente, dia após dia. Tanto que, também como já dissemos aqui, grandes nomes do mundo TECH, como Musk e o cofundador da Apple, Steve Wozniak, divulgaram uma carta pela paralisação da AI por seis meses. Mais recentemente, diversos líderes empresariais — incluindo os CEOs do Walmart e Coca-Cola — disseram que a AI pode destruir a humanidade em 5-10 anos. Aliás, um dos fundadores da AI e o próprio CEO da OpenAI, empresa por trás do ChatGPT, falaram abertamente sobre os perigos do rápido avanço da tecnologia.
Os governos e legisladores ao redor do mundo estão colocando essa pauta no radar. E nesse contexto, a União Europeia deu um passo importante ao definir regras claras sobre a tecnologia. Embora a nova lei ainda esteja sendo desenhada, ela exigirá pontos como resumos detalhados sobre os dados usados para treinar a AI e a indicação clara quando um conteúdo for gerado por máquina. O não cumprimento dessas regras pode levar a multas significativas, de até €40 milhões ou 7% da receita anual da empresa, o que for maior.
A União Europeia tem sido pioneira na definição de regulamentações relacionadas à tecnologia, como aconteceu com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que foi praticamente importada do Velho Continente para o Brasil. A nova lei sobre inteligência artificial também deve servir de base para outros países, incluindo o Brasil, que buscarão estabelecer suas próprias regulamentações para lidar com os desafios e riscos associados à AI.
Enquanto governos e legisladores trabalham para regulamentar a inteligência artificial, é importante entender o impacto e o potencial dessa tecnologia. Segundo um relatório da McKinsey & Company, a inteligência artificial generativa pode movimentar entre US$ 2,6 trilhões e US$ 4,4 trilhões na economia mundial anualmente, com segmentos como marketing e vendas, pesquisa e desenvolvimento, customer success e engenharia de software sendo os mais impactados.
No setor de marketing e vendas, a IA pode gerar mensagens personalizadas e otimizar gastos com marketing e vendas B2B e B2C. Na área de pesquisa e desenvolvimento, a IA pode acelerar o processo de desenvolvimento de novos produtos, incluindo fármacos e materiais. Já no customer success, a inteligência artificial tem o potencial de melhorar a experiência do cliente e aumentar a produtividade dos operadores, reduzindo o tempo gasto no atendimento ao cliente.
Embora os benefícios da inteligência artificial generativa sejam promissores, ainda enfrentamos desafios consideráveis no seu desenvolvimento e implementação. É importante que gestores e tomadores de decisão estejam atentos e determinem o ritmo da adoção dessa tecnologia, sempre considerando os impactos éticos e sociais.
Enquanto isso, a Microsoft e a OpenAI estão envolvidas em uma disputa em relação ao lançamento da nova versão do Bing, o mecanismo de busca da Microsoft. A OpenAI, empresa por trás do ChatGPT, expressou preocupações sobre possíveis respostas bizarras e absurdas geradas pelo chatbot. No entanto, a Microsoft decidiu prosseguir com o lançamento, e agora as empresas mantêm discrição em relação a essa questão.
A inteligência artificial está, sim, gerando entusiasmo e preocupação, em uma espécie de bipolaridade em constante evolução. Bastam minutos de navegação na internet para descobrir as inúmeras ferramentas já disponíveis, muitas delas gratuitas e que nos desafiam diariamente e até nos trazem um sentimento de obsolescência muito forte. Já criaram, inclusive, um robô com “empatia artificial”, capaz de nos vender um carro com excelência ou até mesmo atuar como terapeutas para humanos.
É minha gente, a inteligência artificial é como uma correnteza poderosa que nos envolve, com potencial para nos impulsionar adiante, mas também com o risco de nos arrastar para águas turbulentas. Nesta jornada, somos, os humanos, os navegadores, responsáveis por traçar o curso e definir o destino dessa tecnologia. À medida que avançamos, devemos estar todos atentos aos desafios que surgem. Os dilemas éticos, a privacidade dos dados e o impacto social são questões que exigem reflexão e ação responsável por parte dos envolvidos no desenvolvimento e implementação da inteligência artificial.
Como em uma dança entre o potencial e os perigos, devemos encontrar um equilíbrio delicado entre a inovação e a segurança, a automação e a empatia, a eficiência e a sustentabilidade. E o futuro da inteligência artificial depende de como enfrentamos os desafios atuais. Precisamos construir uma base sólida de regulamentações e diretrizes éticas que orientem seu desenvolvimento e uso. Ao mesmo tempo, devemos nutrir a criatividade e a colaboração, incentivando a pesquisa e a exploração de novos horizontes. Parece difícil, mas é possível.
Em meio a este cenário, podemos vislumbrar um futuro em que a inteligência artificial se torne uma aliada ainda mais indispensável. Uma sociedade em que a tecnologia potencialize nossas capacidades, aprimore nossas interações e nos ajude a resolver problemas complexos. Mas, para alcançar essa visão, devemos agir com sabedoria, mantendo-nos conscientes de nosso propósito e responsabilidade como guardiões do progresso tecnológico, buscando sempre o avanço com integridade e em harmonia com os valores fundamentais da humanidade.