O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta terça-feira (30) que o país está caminhando para uma paralisação administrativa. A afirmação ocorreu após o vice-presidente J.D. Vance não conseguir avançar nas negociações com o Congresso.

Trump advertiu que, se o ‘shutdown’ acontecer, muitos funcionários federais poderão ser demitidos e benefícios podem ser cortados. “Provavelmente teremos uma paralisação. Podemos fazer coisas irreversíveis durante um fechamento”, disse ele, sem fornecer mais detalhes sobre as possíveis consequências.

A paralisação, que seria a 15ª desde 1981, ocorrerá caso o Congresso não chegue a um acordo para aprovar um financiamento extra das contas públicas. O prazo para essa aprovação é até a meia-noite de quarta-feira (1). Se não houver acordo, diversos serviços públicos terão que ser interrompidos até que um novo orçamento seja aprovado.

A Casa Branca reforçou a mensagem de Trump em suas redes sociais, postando uma reportagem que destaca suas declarações sobre os adversários políticos que, segundo ele, querem prejudicar o sistema de saúde ao beneficiar imigrantes ilegais. A publicação conclui com a frase: “Paralisação democrata: o presidente Trump coloca os americanos em primeiro lugar. Democratas? Eles colocam os americanos em último”.

O Partido Democrata respondeu às acusações. Em um post, compartilhou um vídeo da Câmara dos Representantes e acusou os republicanos de obstruírem a negociação.

“Os republicanos acabaram de colocar a Câmara em sessão por um total de 2 minutos. Eles impediram que os democratas apresentassem uma proposta para manter o governo funcionando e evitar que os custos com saúde dobrassem”, afirmaram.

Na noite de segunda-feira (29), Trump se reuniu com membros do Partido Democrata na Casa Branca, mas o encontro terminou sem um acordo. Ambos os lados indicaram que culparão o outro caso o financiamento do governo não seja prorrogado. O vice-presidente Vance comentou: “Acho que estamos caminhando para uma paralisação”.

Os democratas querem garantir a prorrogação de programas de benefícios de saúde que estão prestes a expirar, enquanto os republicanos insistem que as questões de saúde e financiamento do governo devem ser tratadas separadamente. O líder democrata no Senado, Chuck Schumer, afirmou que as diferenças entre os partidos são significativas.

Os impasses orçamentários se tornaram comuns em Washington nos últimos 15 anos, mas a disposição de Trump de ignorar leis de gastos aprovadas pelo Congresso trouxe incertezas adicionais. Se o Congresso não agir, milhares de funcionários federais poderão ser dispensados, afetando serviços de diversas agências, incluindo a Nasa e parques nacionais. Além disso, os tribunais federais podem ter que fechar e subsídios para pequenas empresas podem ser adiados.

Trump também se recusou a liberar bilhões de dólares já aprovados pelo Congresso e ameaça intensificar sua ofensiva contra servidores públicos federais caso a paralisação ocorra. Até o momento, apenas algumas agências divulgaram planos sobre como proceder em caso de shutdown.

A Casa Branca anunciou um decreto que estende o prazo de mais de 20 comitês consultivos federais até 2027, mas não esclareceu como esses comitês serão financiados durante a incerteza da paralisação. O que está em jogo é um total de US$ 1,7 trilhão em gastos discricionários, que financiam operações de agências e representam cerca de um quarto do orçamento total do governo, estimado em US$ 7 trilhões.