
A indústria do audiovisual foi sacudida nesta sexta-feira (5/12) com o anúncio de que a Netflix fechou um acordo para comprar os estúdios de TV e cinema e a divisão de streaming da Warner Bros. Discovery por US$ 72 bilhões — cerca de R$ 382 bilhões. Se aprovada pelos órgãos reguladores dos Estados Unidos, a operação coloca nas mãos da gigante do streaming um dos catálogos mais valiosos e influentes de Hollywood, incluindo franquias como Harry Potter, Game of Thrones, The Big Bang Theory, The Sopranos, O Mágico de Oz e todo o Universo DC.
A transação completa deve chegar a US$ 82,7 bilhões, considerando a incorporação de dívidas da Warner Bros. Discovery. Mesmo assim, os US$ 72 bilhões correspondem ao valor repassado diretamente aos acionistas — o montante pago, de fato, pela Netflix.
Com a compra, a Netflix passa a controlar não apenas grandes estúdios de cinema e TV, mas também canais tradicionais como CNN e TNT, além da plataforma HBO Max. Analistas já consideram a operação um dos movimentos corporativos mais impactantes do século no setor de entretenimento.
A conclusão do negócio depende da separação formal entre Warner Bros. e Discovery Global, prevista para o terceiro trimestre de 2026.
“Juntos, podemos oferecer ao público mais daquilo que ele ama e ajudar a definir o próximo século da narrativa”, afirmou Ted Sarandos, co-CEO da Netflix.
“O anúncio de hoje une duas das maiores empresas de narrativa do mundo”, destacou David Zaslav, CEO da Warner Bros. Discovery.
O acordo surge após uma disputa que envolveu outros gigantes do setor, como Paramount/Skydance e Comcast. Em outubro, o conselho da WBD rejeitou uma oferta de US$ 60 bilhões da Paramount, optando por abrir um processo formal de venda que acabou sendo vencido pela Netflix — que, segundo a Reuters, apresentou uma proposta majoritariamente em dinheiro e com a promessa de manter os lançamentos da Warner nos cinemas.
Esse último ponto foi decisivo, já que a Netflix historicamente evita apostar forte nas salas de exibição.
De acordo com fontes consultadas pela Reuters, a união entre Netflix e HBO Max pode reduzir custos para os consumidores, com ofertas combinadas de assinatura. A empresa também diminuiria sua dependência de estúdios externos e ganharia força em segmentos como games, eventos ao vivo e novos serviços digitais.
Apesar do entusiasmo da indústria e dos investidores, o acordo enfrenta resistência. Uma carta enviada ao Congresso dos EUA por um grupo de produtores de cinema expressa “sérias preocupações” sobre o impacto da fusão.
“A Netflix considera qualquer tempo gasto no cinema como tempo não gasto em sua plataforma. Eles não têm incentivo para apoiar a exibição cinematográfica e têm todos os incentivos para acabar com ela”, alertaram.
Analistas também apontam riscos de concentração de mercado e possíveis entraves regulatórios, o que pode atrasar ou até impedir a aprovação.
Se avançar, a compra representará um ponto de virada na disputa entre plataformas de streaming e estúdios tradicionais, aproximando ainda mais a Netflix de um modelo completo: produção, distribuição, televisão e streaming sob o mesmo guarda-chuva.
Um movimento que pode redefinir a próxima década — e talvez o futuro de Hollywood.