O Papa Francisco pede o fim dos conflitos armados no mundo em uma carta publicada nesta terça-feira (18). O texto foi escrito no quarto do hospital onde está internado em Roma há mais de quatro semanas devido a uma pneumonia.
“Precisamos desarmar as palavras para desarmar as mentes e desarmar a Terra. Há uma grande necessidade de reflexão, de calma, de senso de complexidade”, escreveu o Pontífice
“A guerra parece ainda mais absurda (…) nos momentos de doença. A fragilidade humana tem o poder de nos tornar mais lúcidos diante do que é duradouro e do que é passageiro, do que dá vida e do que leva à morte”, acrescentou.
Para o pontífice, as armas ‘devastam as comunidades e o meio ambiente, sem oferecer solução para os conflitos.’
No texto, o papa também fez um apelo aos jornalistas e pede que ‘todos aqueles que dedicam seu trabalho e inteligência a informar […] captem toda a importância das palavras.’
‘Nunca são apenas palavras: são fatos que estruturam os ambientes humanos. Podem unir ou dividir, servir à verdade ou abusar dela’.
Prezado diretor,
gostaria de agradecer pelas palavras de proximidade com as quais desejou estar presente neste momento de doença em que, como já disse, a guerra parece ainda mais absurda. A fragilidade humana, de fato, tem o poder de nos tornar mais lúcidos em relação ao que dura e ao que passa, ao que nos faz viver e ao que mata. Talvez seja por isso que, com tanta frequência, tendemos a negar os limites e a evitar pessoas frágeis e feridas: elas têm o poder de questionar a direção que escolhemos, como indivíduos e como comunidade.
Gostaria de encorajar o senhor e todos aqueles que dedicam trabalho e inteligência para informar, através de instrumentos de comunicação que agora unem nosso mundo em tempo real: sentir toda a importância das palavras. Elas nunca são apenas palavras: são fatos que constroem os ambientes humanos. Elas podem conectar ou dividir, servir a verdade ou se servir dela. Precisamos desarmar as palavras para desarmar as mentes e desarmar a Terra. Há uma grande necessidade de reflexão, de calma, de um senso de complexidade.
Enquanto a guerra apenas devasta as comunidades e o meio ambiente, sem oferecer soluções para os conflitos, a diplomacia e as organizações internacionais precisam de nova força vital e credibilidade. As religiões, além disso, podem se valer da espiritualidade dos povos para reacender o desejo da fraternidade e da justiça, a esperança de paz.
Tudo isso exige comprometimento, trabalho, silêncio e palavras. Sintamo-nos unidos nesse esforço, que a Graça celeste não deixará de inspirar e acompanhar.
Francisco