Potencial vacina de nanopartículas contra o HIV gerou resultados positivos em um pequeno estudo, com 46 voluntários. Oficialmente conhecida pelo nome de eOD-GT8 60mer, o imunizante desencadeou a produção de células do sistema imunológico que podem ajudar no combate do vírus. Para ser mais preciso, a fórmula induziu a produção de precursores de anticorpos amplamente neutralizantes contra o vírus da Aids (bnAbs).
Publicado na revista Science, o estudo da potencial vacina contra o HIV, aplicada em duas doses, foi liderado por uma rede de pesquisadores, incluindo membros Instituto Nacional de Saúde (NIH), nos Estados Unidos. Cientistas da Scripps Research e do Fred Hutchinson Cancer Center também estiveram envolvidos.
Segundo os autores do estudo, a potencial vacina é segura e viável. Nos testes, a fórmula “induziu respostas direcionadas ao precursor de bnAb em 97% dos receptores de vacinas em níveis substanciais para cada indivíduo”.
Embora os resultados sejam positivos, é preciso observar que esta é apenas a primeira fase de estudos clínicos do imunizante. Antes de chegar ao mercado e ser aprovado pelas agências reguladoras, a vacina deve demonstrar ser segura e eficaz em mais duas outras fases, onde um número maior de voluntários devem participar dos testes. O processo pode levar anos até ser concluído.
Para obter a proteção contra o vírus da Aids, o foco do potencial imunizante é aumentar os níveis de anticorpos amplamente neutralizantes no organismo. Quando estão em níveis altos, podem reconhecer diferentes cepas do HIV e evitar a proliferação viral. No entanto, é difícil gerar este tipo de proteína.
Buscando contornar o desafio, a equipe estimula a produção das células B do sistema imune. Elas são conhecidas por serem a fábrica de anticorpos do corpo e que, potencialmente, podem gerar células da linhagem germinativa (eOD-GT8). Por sua vez, estas poderão ativar os mecanismos de defesa desejados para a produção dos bnAb.
No estudo de Fase 1, foram recrutados 48 pessoas com mais de 18 anos saudáveis, com idades entre 18 e 50 anos. Os participantes moravam nos Estados Unidos e nenhum foi identificado com o vírus no momento do recrutamento.
Do total, 27 voluntários receberam as duas doses da vacina, com intervalos de 8 semanas, enquanto os outros receberam um placebo. Segundo os autores do estudo, no grupo vacinado, apenas uma pessoa não produziu respostas precursoras de bnAb.
Durante os testes, nenhum evento adverso grave foi relatado. Os efeitos colaterais mais comuns foram dor no local da injeção, mal-estar e dor de cabeça. Diante desses resultados positivos, os pesquisadores começam a desenhar a próxima fase do estudo para a possível primeira vacina contra o HIV.
Vale lembrar que, até o momento, outras vacinas foram desenvolvidas ou estão em testes para imunizar contra o HIV, como a da Moderna, mas nenhuma concluiu, com sucesso, as três etapas da pesquisa clínica. Por enquanto, a ciência ainda busca a cura para o vírus da Aids.
Do portal Terra