05/04/2021
ISABELA BOLZANI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O novo presidente do Banco do Brasil, Fausto de Andrade Ribeiro, enviou uma carta aos funcionários da instituição nesta segunda-feira (5) onde afirmava ter o compromisso de oferecer retornos adequados aos acionistas e de atuar de forma alinhada às diretrizes do governo federal.
O novo presidente da instituição, empossado na última quinta-feira (1º) no lugar de André Brandão, também afirmou que a indústria bancária vive desafios de concorrência e na mudança da própria estrutura para tentar se antecipar às inovações tecnológicas.
“É inegociável buscar eficiência, lucros crescentes, rentabilidade compatível com as principais instituições financeiras”, afirmou Ribeiro na carta.
Ainda segundo o documento obtido pela reportagem, o novo presidente também afirmou que os esforços estarão concentrados em iniciativas estruturantes, como a aceleração digital, a integração dos canais físico e digital, o compromisso com a austeridade e eficiência nas despesas e investimentos, desinvestimentos e reorganização societária em negócios com baixa complementariedade ao banco, entre outros.
A carta de Ribeiro vem poucos dias depois de o então presidente do conselho administrativo do banco, Hélio Magalhães, ter renunciado ao cargo por discordar da interferência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na instituição, com a indicação de um novo presidente e novos integrantes do colegiado, grupo que determina a direção que o banco vai tomar.
Além de Magalhães, outro conselheiro, José Guimarães Monforte, abriu mão do cargo. Ambos deixaram os cargos oficialmente na sexta-feira (2), segundo comunicado do BB ao mercado.
Na carta de renúncia, Magalhães havia criticado a interferência de Bolsonaro no banco ao indicar o administrador Fausto de Andrade Ribeiro, 52, como novo presidente. Segundo ele, Ribeiro não passou pelo crivo do conselho de administração. Tido como bolsonarista, ele hoje dirige o braço de consórcios do BB.
“No caso do BB, me refiro às tentativas de desrespeito à governança corporativa, ainda que frustradas pela atuação diligente deste conselho e pela higidez dos mecanismos de governança da companhia,” escreveu ao justificar a saída.
“Como exemplo, cito as interferências externas na execução do plano de eficiência da companhia aprovado por este conselho e obviamente necessário para adequá-la aos novos tempos e desafios do setor. Ato contínuo, renovo meu protesto ao rito de escolha do novo presidente do banco, o qual simplesmente não considera o desejável crivo deste conselho, vez que baseado em legislação anacrônica e contrária às melhores práticas de governança em nível global.”
Brandão, que atuou no HSBC e que tinha simpatia de Paulo Guedes (Economia), conquistou a antipatia de Bolsonaro em janeiro deste ano, depois de anunciar o fechamento de 112 agências do BB e um programa de desligamento de mais de 5 mil funcionários no momento de alta da taxa de desemprego no mercado. O atrito culminou com a renúncia do cargo por Brandão em meados de março.