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Operação nacional combate esquema de abortos clandestinos com ramificação na Paraíba
08/12/2025 / 12:20
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Operação desarticula rede de abortos clandestinos com atuação na Paraíba – Foto: Divulgação/Polícia Civil

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou, na manhã desta segunda-feira (8/12), a Operação Aurora, uma ação nacional que investiga uma organização criminosa especializada no tráfico de medicamentos controlados — entre eles o misoprostol, comercializado ilegalmente sob o nome Cytotec e usado clandestinamente para a prática de aborto.

A ofensiva ocorre em parceria com a Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública (DIOPI/Senasp), por meio do Projeto Impulse, integrante do Programa Nacional de Enfrentamento às Organizações Criminosas (ENFOC/MJSP).

A operação, realizada simultaneamente em diversos estados, contou com apoio das Polícias Civis locais, incluindo a Paraíba, onde a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DRACO) atuou no cumprimento das diligências.

Rede criminosa atuava em vários estados

Os alvos da ação estão distribuídos por diferentes regiões do país. As diligências foram cumpridas em:

  • João Pessoa (PB)
  • Goiânia e Valparaíso (GO)
  • Nova Iguaçu (RJ)
  • Aracruz (ES)
  • Irecê e Itaguaçu (BA)
  • Santos Dumont (MG)
  • Distrito Federal (Brasília)

Segundo a investigação gaúcha, o grupo vendia ilegalmente misoprostol e oferecia orientações virtuais às mulheres sobre o uso do medicamento durante o procedimento abortivo — o que indica uma estrutura criminosa organizada e com atuação interestadual.

Caso em Guaíba deu origem à investigação

A operação teve início após um caso registrado em 2 de abril deste ano, em Guaíba (RS). Na ocasião, uma jovem procurou atendimento no hospital regional com dores intensas e acabou expelindo dois fetos. Ao ser ouvida pela polícia, relatou ter ingerido misoprostol comprado pela internet. Junto aos comprimidos, ela teria contratado uma espécie de “assessoramento técnico” remoto para realizar o aborto, supostamente feito por “uma doutora”.

Durante o procedimento, no entanto, a orientadora passou a demorar para responder às mensagens, deixando a gestante sem assistência. Com o agravamento das dores, a jovem buscou atendimento médico.

Recrutamento em redes sociais e grupo de WhatsApp

A vítima contou à polícia que encontrou o contato da rede criminosa por meio de pesquisas no TikTok sobre aborto e gravidez indesejada. Abordada por uma pessoa, foi informada que existiam “profissionais” capazes de ajudá-la “com segurança” a interromper a gestação.

Após o primeiro contato, recebeu uma tabela com valores do misoprostol e a quantidade de comprimidos recomendada conforme as semanas de gravidez. Em seguida, foi adicionada a um grupo de WhatsApp chamado “Sinta-se acolhida”, supostamente criado para compartilhar experiências após o procedimento. Apesar disso, o grupo orientava que detalhes sobre o processo e o preparo não fossem divulgados.

A investigação telemática identificou os administradores do grupo, únicos autorizados a vender o medicamento e a orientar o uso durante o aborto. Eles residem em diferentes estados, formando uma rede de atuação nacional.

Primeira fase busca esclarecer participação dos investigados

Segundo a Delegada Karoline Calegari, responsável pelo caso, mais de 250 mulheres faziam parte do grupo. A estimativa é de que o esquema tenha movimentado valores expressivos com a venda do medicamento.

A primeira etapa da Operação Aurora busca determinar o papel de cada integrante na estrutura criminosa e identificar a origem do misoprostol desviado — já que o fármaco é de uso exclusivo hospitalar e sua comercialização é proibida em farmácias.

Ação nacional reforça proteção às mulheres

Em nota, a Polícia Civil destacou que a operação, com o apoio do Ministério da Justiça e das Polícias Civis de vários estados, representa um esforço conjunto no combate ao narcotráfico, na proteção da integridade física de mulheres expostas a riscos e na defesa da vida.

Na Paraíba, a operação contou com o suporte da DRACO, que participou das ações desta segunda-feira (8/12).

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