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Operação Passando a Limpo: Delegado Allan Terruel dá detalhes sobre esquema criminoso no Brejo
20/01/2022 / 13:10
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O titular da Delegacia de Combate à Corrupção na Paraíba, Allan Terruel, concedeu entrevista à 89 Pop FM nesta quinta-feira (20) e explicou detalhes sobre a ‘Operação Passando a Limpo’, deflagrada na manhã de hoje pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) e Polícia Civil, nas cidades de Dona Inês, Solânea e Guarabira, Brejo paraibano. Ao todo, foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão.

De acordo com o delegado, o trabalho investigativo teve início em 2020. Nessa época, o CCRIMP, órgão do Ministério Público da Paraíba responsável pela investigação de autoridades com prerrogativas de função, iniciou um trabalho paralelo ao da Polícia Civil, com investigações próximas, o que possibilitou que os trabalhos se somassem, agregando ainda as ações da Promotoria do município de Bananeiras.

“Todos os elementos comprobatórios que compõe o trabalho sempre foram muito robustos. O gestor [ex-prefeito de Dona Inês, João Idalino] contratou uma empresa onde na verdade ele era o administrador. Isso por si só já é muito grave”, disse Allan.

Segundo o delegado, o prejuízo gerado aos cofres públicos do município de Dona Inês chega a casa dos milhões.

As investigações não apontam, pelo menos até o momento, qualquer participação da atual gestão no esquema criminoso.

Durante o cumprimento dos mandados, foram apreendidas provas como recibos de prestadores de serviços, documentos ligados à contabilidade do município e equipamentos eletrônicos. Os próximos passos serão a análise da documentação e dos aparelhos (celulares, notebooks e computadores), a oitiva de outras testemunhas que corroborem a investigação e, por fim, o oferecimento de denuncia à Justiça.

“Isso é um conjunto de informações importantes que vai dar subsídio para o trabalho, que já tá formalizado. Mas isso abre caminho para novas possibilidades, já que no estudo desse material, se eu junto novas conexões, aí sim podemos estender a investigação para um novo corpo e espaço”, explicou.

Entenda o caso

As investigações miram em desvio de recursos públicos, fraudes em procedimentos licitatórios e lavagem de dinheiro cometidos por um grupo ligado à Prefeitura Municipal de Dona Inês, entre 2017 e 2020.

Os crimes teriam sido praticados através do fornecimento de combustível por uma empresa à gestão municipal. De acordo com as investigações, documentos atestam que a administração da referida empresa era realizada pelo então prefeito da cidade, João Idalino.

A empresa é um posto de combustível cuja propriedade seria, em tese, da irmã do gestor apontado como líder do grupo criminoso. Segundo as investigações, ela possivelmente estaria na condição de “laranja”. Procurações nos autos registram a outorga de poderes da administração da empresa em favor do seu irmão (prefeito à época).

Prestadores de serviços

A operação analisa ainda a tese de que João Idalino, além de contratar a empresa para fornecer combustível, também usava o posto para pagar prestadores de serviço. Esse pagamento seria feito abaixo do que havia sido acordado.

“O posto além de fornecer o combustível, era usado como espécie de entreposto comercial”, diz Allan.

Ainda conforme o delegado, “quando a prefeitura organizava a documentação para o pagamento dos prestadores de serviços ela encaminhava os prestadores para receber os valores no posto. Quando chegava no posto, não recebia o valor integral, só recebia parte do valor”, disse o titular da DECCOR, Allan Murilo Terruel.