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Paraibano assessor de Bolsonaro confirma atuação do ‘gabinete do ódio’ na Secom presidencial
08/06/2021 / 17:13
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O paraibano Tércio Thomaz, assessor especial do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e considerado líder do ‘gabinete do ódio’ prestou depoimento à Polícia Federal (PF), no inquérito que investiga atos antidemocráticos, e confirmou a ligação entre o gabinete e a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom).

‘Gabinete do Ódio’ é o nome dado à articulação de assessores que atuam na gestão de redes sociais e páginas convenientes ao governo Bolsonaro. O grupo, que trabalha no Palácio do Planalto, costuma atacar adversários políticos e promover informações falsas.

O depoimento de Tércio à PF desmente a fala do ex-secretário da Secom, Fabio Wajngarten, à CPI da pandemia. Fabio afirmou que Tércio Thomaz nunca planejou ou veiculou nenhum conteúdo relacionado à Secom.

“O único gabinete que eu conheço é o gabinete da Secretaria Especial de Comunicação. O senhor Tércio nunca fez parte do quadro da Secom. O senhor Tércio nunca participou de decisões estratégicas, seja de qualquer conteúdo que a Secom determinou, veiculou ou planejou. Nenhuma interferência do senhor Tércio”, disse Wajngarten em seu depoimento no dia 12 de maio.

Em depoimento no inquérito dos atos antidemocráticos, Tércio Thomaz revelou que a ligação do ‘gabinete do ódio’ com a Secom acontecia através dos assessores José Matheus Salles Gomes e Mateus Diniz, que trabalham com o paraibano.

O trio selecionado pelo vereador Carlos Bolsonaro relatou aos investigadores que faziam articulações e intermediavam a comunicação e o diálogo da Secom com a Presidência.

Tércio detalhou que trabalha em “uma sala situada no Palácio do Planalto, 3° andar; que compartilha a sala com José Matheus e com Mateus Diniz”. De acordo com o paraibano, José Matheus tem como atribuição “intermediar os assuntos com a Secom, de interesse de comunicação”.

Nenhum dos três assessores possui qualquer formação na área de comunicação.

Tércio Thomaz era assessor de Carlos Bolsonaro ao longo de 2018 e acompanhou Jair Bolsonaro em passagem por diversas cidades no país, produzindo vídeos e distribuindo para canais bolsonaristas e grupos de WhatsApp, como faz até hoje.

Segundo ele, o ‘gabinete do ódio’ distribuiu vídeos do presidente para veiculação no Youtube, inclusive para o canal Foco do Brasil, alvo de mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Entre março de 2019 e maio de 2020, a distribuição de vídeos no canal teria rendido uma monetização superior a R$ 1,54 milhão para o dono do canal, Anderson Azevedo Rossi, e um faturamento mensal entre R$ 50 mil e R$ 140 mil.

De acordo com Anderson, em depoimento à PF, os vídeos são entregues pelo próprio Tércio, que acompanha as agendas presidenciais na condição de servidor público comissionado.

O paraibano Tércio Arnaud Tomaz, de Campina Grande, é um dos três nomes que recebem incentivo de Jair Bolsonaro para disputar uma vaga na Câmara Federal em 2022.