
A disputa pelo controle da Warner Bros. Discovery ganhou um novo capítulo nesta segunda-feira (8/12), quando a Paramount Skydance apresentou uma oferta hostil de US$ 108,4 bilhões para assumir a empresa. O movimento aumenta a pressão sobre um cenário já agitado desde a semana passada, quando a Netflix anunciou um acordo de mais de US$ 70 bilhões para comprá-la.
Uma oferta hostil ocorre quando uma empresa tenta adquirir outra sem o apoio da diretoria ou do conselho da empresa-alvo, indo direto aos acionistas, geralmente oferecendo um preço atrativo pelas ações.
Desde setembro, a Paramount vinha tentando assumir o controle da Warner com diversas propostas, todas rejeitadas. Na oferta desta segunda-feira, o estúdio propôs US$ 30 por ação, acima dos quase US$ 28 por ação oferecidos pela Netflix. O valor total inclui a compra e a dívida da Warner.
Mesmo que a proposta atraia os acionistas, o caminho não será fácil: órgãos antitruste deverão analisar se a fusão comprometeria a concorrência no mercado de entretenimento.
A reação da Paramount ocorre três dias após a Netflix vencer uma guerra de lances que envolveu, além do estúdio, a Comcast. O acordo de US$ 72 bilhões envolve os ativos de TV, cinema e streaming da Warner, incluindo marcas como HBO e Warner Bros. Pictures.
O movimento gerou críticas de sindicatos, cineastas e reguladores. Sindicatos alertaram para possível redução de salários e demissões, enquanto cineastas temem que a Netflix privilegie lançamentos diretos na plataforma em detrimento do cinema. A empresa também aceitou incluir uma multa de US$ 5,8 bilhões caso a fusão não seja aprovada.
O presidente Donald Trump comentou publicamente o caso, afirmando que a participação de mercado do novo grupo poderia ser problemática. Ele disse que pretende acompanhar o processo conduzido pelo Departamento de Justiça, que avaliará se a fusão viola regras de concorrência.
Kevin Hassett, conselheiro econômico da Casa Branca, afirmou que a análise regulatória deve durar “um bom tempo”, sinalizando que a aprovação da fusão não será rápida.
A Paramount acusa a Warner de conduzir o processo de venda de forma “tendenciosa”, favorecendo a Netflix. Segundo o estúdio, a fusão criaria um grupo com 43% do mercado global de streaming, o que poderia violar leis antitruste americanas. Com a oferta hostil, a Paramount busca mostrar aos acionistas e reguladores que existe uma alternativa à Netflix, tentando reverter o resultado da disputa.
A empresa, que enfrenta desempenho irregular nas bilheterias, vê na aquisição uma oportunidade de recuperar protagonismo em Hollywood e reduzir a concentração de mercado no setor.