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Pastor, gay e casado: ‘Eu tenho direito a ter religião’
09/04/2022 / 17:08
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Bob Luiz Botelho, de 27 anos, nasceu em lar evangélico e tradicional e, como muitos brasileiros, seguiu desde cedo os passos dos pais e dos avós, marcados pelo forte conservadorismo do Sul do país. Natural de Curitiba, no Paraná, o menino sonhador, que sempre teve facilidade em se conectar com as pessoas independentemente do gênero ou da sexualidade, viu o avô ajudar a fundar a primeira Igreja Presbiteriana Independente, de Florestópolis, no interior. Um roteiro previsível de vida até se descobrir gay.

Estudante de colégio militar, Bob passou a adolescência dividido entre as atividades que exercia na igreja pentecostal, na periferia de Curitiba, e as incertezas que o faziam questionar quem ele realmente era e como se identificava. Obstinado a seguir carreira religiosa, o jovem curitibano, aos 9 anos de idade, sabia que tinha um chamado a seguir.

Ele passou a dedicar seu evangelho ao resgate de pessoas, inclusive LGBTQIA+, afastadas da igreja. E foi deixando a própria sexualidade de lado, mesmo percebendo, logo aos 12 anos, que se sentia atraído por homens:

“Eu renunciei à minha sexualidade. Eu achava que não poderia ser um homem gay e cristão”, conta.

Cenário que mudou em 2016, quando Bob teve contato com diferentes lideranças evangélicas progressistas que defendem o direito à cidadania e à religião. Todos os movimentos são hoje parceiros do “Evangelixs”, movimento criado por Bob em 2017, com a ajuda de amigos, para acolher jovens LGBTGIA+ e apoiadores cis gênero.

Atualmente casado, Bob revela que possui um bom relacionamento com a família que o aceitou depois de se assumir homossexual.

“Com o tempo, eu percebi que poderia ser um homem gay e cristão. Eu posso, por direito, reivindicar o cristianismo mesmo vivendo a minha sexualidade. Eu tenho direito a ter religião. Ao longo da minha vida missionária, já ajudei muitos jovens LGBTs, filhos de pastores ou não, que queriam se matar por não serem aceitos. Hoje eu vivo para ajudar essas pessoas, pedindo respeito”, completa, emocionado.

Informações: O Globo