Cerca de 185 mil apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro estiveram neste domingo na Avenida Paulista para um ato convocado pelo ex-mandatário “em defesa do Estado Democrático de Direito”. O cálculo é do Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP.
A maioria dos manifestantes era composta por homens (62%), brancos (65%) e com ensino superior (67%), segundo levantamento conduzido pelos pesquisadores do grupo, coordenado pelos professores Pablo Ortellado e Márcio Moretto Ribeiro.
Os resultados da pesquisa mostram um cenário distinto do perfil étnico da população em geral. O Censo 2022 do IBGE indica que 45,3% dos brasileiros se autodeclaram pardos, e 10,2% se dizem pretos. Na manifestação da Avenida Paulista, esses grupos representavam 26% e 5% dos presentes, respectivamente.
A renda média dos manifestantes também não reflete a situação econômica da maioria do eleitorado no Brasil. Foram 10% os que disseram ter renda familiar de até dois salários mínimos por mês, contingente equiparável aos 9% que relataram ganhos superiores a 20 salários mínimos mensais. Mais da metade informou recebimentos que os enquadra numa faixa de renda média ou média-alta: 26% disseram ganhar entre três e cinco salários mínimos, e 25% afirmaram receber de cinco a dez salários mínimos por mês.
Só 3% dos manifestantes têm idades entre 16 e 24 anos. Numericamente, os maiores grupos etários que participaram do ato bolsonarista foram os de 55 a 65 anos (25%), de 45 a 54 anos (23%), de 35 a 44 anos (21%), e acima de 65 anos (19%). Considerando a margem de erro estimada em quatro pontos percentuais para mais ou menos, não dá para precisar qual desses segmentos estava em maior número na Paulista. Mas é possível afirmar que os jovens eram franca minoria na multidão.
Cerca de dois terços (66%) dos participantes do ato são moradores da região metropolitana de São Paulo, enquanto 34% disseram viver em outras regiões. Foram organizadas caravanas que chegaram à Paulista vindas de diversos estados, como Pernambuco, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Apesar da identificação do bolsonarismo com o público evangélico — um dos organizadores do ato foi o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo —, os católicos estiveram em maior número na manifestação: eram 43% dos participantes. Os evangélicos foram 29% do público, contra 11% que se declaram espíritas/kardecistas e 10% que disseram não seguir nenhuma religião.
A pesquisa do Monitor do Debate Político no Meio Digital foi feita a partir de entrevistas presenciais com 575 pessoas entre 13h30 e 17h de domingo, em toda a extensão da Avenida Paulista. A margem de erro é estimada em quatro pontos percentuais para mais ou menos, para um grau de confiança de 95%.
Pulso/O Globo