Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desenvolveram protótipo de novo medicamento para o tratamento de câncer, a partir de compostos de cloridratos sintéticos de estrutura mesoiônica, substância constituída de um anel com, pelo menos, dois tipos diferentes de átomos.
Esses compostos químicos criados em laboratório, além de terem efeitos benéficos no tratamento de inflamação associada ao desenvolvimento de um tumor, são capazes de reverter alterações nos tecidos de órgãos como o fígado, os rins e o baço, causadas pela progressão tumoral.
Para se ter uma ideia da importância deste potencial novo medicamento, segundo dados de janeiro de 2021 da American Cancer Society (Sociedade Americana contra o Câncer, em tradução livre), mais de 800 mil pessoas são diagnosticadas com câncer de fígado a cada ano em todo o mundo, sendo esse tipo de câncer um dos mais letais no planeta, responsável por mais de 760 mil óbitos anualmente.
No Brasil, a taxa de mortalidade por câncer de fígado foi de 10.550 (6.181 homens e 4.369 mulheres) em 2018, de acordo com o Atlas de Mortalidade por Câncer de 2019, elaborado pelo Instituto Nacional de Câncer.
A professora do Departamento de Fisiologia e Patologia da UFPB Marcia Regina Piuvezam, uma das inventoras do protótipo do novo fármaco, conta que os resultados do estudo foram obtidos por meio de modelos experimentais que desenvolveram câncer em animais de laboratório, de modo semelhante ao que pode ocorrer em seres humanos.
“Nos experimentos foram usadas linhagens de células transformadas (cancerosas) para implantação nos animais. Em seguida, foi empreendido o tratamento com os compostos. Depois, averiguamos os efeitos protetores dessas substâncias, com consequente diminuição do crescimento e dos efeitos maléficos do tumor”, relata Marcia Regina Piuvezam.
A pesquisa que resultou no protótipo foi executada no Laboratório de Imunofarmacologia (Limfa) do Centro de Ciências da Saúde (CCS) e no Departamento de Química do Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN) da UFPB, ambos no campus I, em João Pessoa, sob a coordenação dos professores Marcia Regina Piuvezam e Petrônio Filgueiras de Athayde Filho, respectivamente.
Os trabalhos em laboratório tiveram início em 2017, com a participação de alunos de iniciação científica e de mestrado da UFPB. O pedido da patente referente a este potencial novo medicamento foi realizado pela Agência de Inovação Tecnológica da UFPB junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), em agosto de 2019.
Segundo a professora Marcia Regina Piuvezam, a patente encontra-se sob processo de análise pelo órgão responsável, portanto, sem definição de uso exclusivo e/ou livre. “A UFPB terá amplos poderes para trabalhá-la da melhor forma possível, assim que for concedida”, afirma.
Além dos professores Marcia Regina Piuvezam e Petrônio Filgueiras de Athayde Filho, também são inventores deste protótipo de novo fármaco para o tratamento de câncer os pesquisadores Gabriel Rodrigues da Silva, Beatriz Fernandes de Souza e Francinara da Silva Alves.