Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desenvolveram a ferramenta “Teleinterconsulta em Estomatologia na Paraíba”, um aplicativo móvel que pode ajudar cirurgiões-dentistas no diagnóstico precoce do câncer de boca. O invento foi projetado pelo professor Paulo Bonan, do Departamento de Clínica e Odontologia Social, com a colaboração do prof. Edson Lucena e do discente da Pós-Graduação em Odontologia, Hélder Domiciano.
Edson Lucena contou que o objetivo é fazer a teleinterconsulta com os profissionais de saúde bucal da rede pública da Paraíba, compartilhando casos de diagnóstico e de suspeita de câncer. “Esperamos melhorar a prática clínica dos profissionais; facilitar a mobilidade dos usuários dentro dos níveis diferentes de atenção; promover a formação continuada de profissionais do SUS e oportunizar espaços de trocas de experiências entre profissionais e consultores”, contou.
O docente relatou ainda que já existia a aproximação com alguns profissionais que enviavam dúvidas, casos clínicos por WhatsApp, tudo muito informal. “O aplicativo vem no intuito de formalizar isso e ampliar o escopo de ações”, destacou.
O invento da UFPB foi criado para atender todo o estado da Paraíba. Qualquer profissional de saúde bucal da rede pública pode usufruir do aplicativo. Já para os pacientes, ele vai possibilitar um diagnóstico mais rápido e evitar o deslocamento para outros serviços.
Com o apoio da Reitoria da UFPB, a iniciativa de criação do app teve a parceria da Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba (SES), por meio da Coordenação Estadual de Saúde Bucal e do Programa de Residência em Clínica Integrada em Odontologia da Escola de Saúde Pública da Paraíba.
Para usar, o cirurgião-dentista deve se cadastrar no aplicativo, que está disponível na plataforma Android e pode ser baixado gratuitamente na loja Google Play. Quem for usuário da Apple (para IOS) deve acessar este link.
Após cadastrado, caso identifique uma lesão na cavidade bucal durante um atendimento e surja alguma dúvida na condução, o profissional deve coletar os dados clínicos e realizar os registros fotográficos.
Em seguida, deve acessar o aplicativo e encaminhar o caso, que é distribuído entre os consultores que vão avaliar a situação e responder a dúvida do cirurgião com orientações de como deve proceder. Toda essa comunicação se dá por meio exclusivo do aplicativo.
De acordo com o prof. Edson Lucena, o projeto de desenvolvimento do aplicativo é importante para auxiliar no diagnóstico precoce e início do tratamento o mais rápido possível. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), para cada ano do triênio 2020/2022, estima-se que sejam diagnosticados no Brasil 15.190 novos casos de câncer de boca e orofaringe (11.180 em homens e 4.010 em mulheres).
Esses valores correspondem a um risco estimado de 10,69 casos novos a cada 100 mil homens, ocupando a quinta posição; e, de 3,71 para cada 100 mil mulheres, sendo o 13º mais frequente entre todos os tipos de cânceres. A grande maioria dos casos é diagnosticado em estágio avançado.