
O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado estadual Rodrigo Bacellar (União Brasil), foi preso na manhã desta quarta-feira (3/12) durante a Operação Unha e Carne, da Polícia Federal. O parlamentar já estava na sede da PF quando recebeu voz de prisão, em uma estratégia que, segundo a corporação, buscou evitar qualquer tipo de “espetáculo” em torno da ação.
A prisão preventiva foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Além dela, a operação cumpriu oito mandados de busca e apreensão e um mandado de intimação para aplicação de medidas cautelares.
De acordo com a investigação, Bacellar é suspeito de ter repassado informações sigilosas da Operação Zargun ao então deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias (MDB), preso em setembro sob acusação de atuar em benefício do Comando Vermelho.
A PF aponta que Bacellar teria ligado para TH Joias na véspera da operação que o prendeu, alertando sobre a ação e orientando que ele se desfizesse de objetos da casa. Após apagar dados do próprio celular, TH comprou um aparelho novo e chegou a enviar ao presidente da Alerj uma gravação mostrando o que deixaria no imóvel — inclusive perguntando se poderia deixar um freezer. Segundo os investigadores, Bacellar o chamou de “doido” e disse para não se preocupar com o eletrodoméstico. Esse diálogo foi recuperado pelos agentes.
A Polícia Federal afirma ainda que TH Joias apagou registros do telefone e retirou itens da residência antes da chegada dos agentes, o que reforçou a suspeita de vazamento.
Rodrigo Bacellar e TH Joias já haviam sido alvo de apurações anteriores. Agora, voltam ao centro das investigações sob suspeita de interferência em operações da PF e vazamento de informações sigilosas.
TH Joias foi preso este ano acusado de intermediar negociações de drogas, fuzis e equipamentos antidrones para o Comando Vermelho. A Polícia Civil afirma haver “provas robustas” de que o ex-parlamentar usava o mandato para favorecer a facção criminosa.
Natural de Campos dos Goytacazes, Bacellar é advogado tributarista e uma das figuras mais influentes da política fluminense. Cotado como possível candidato ao governo do Rio em 2026, ele tem passagem pelo Tribunal de Contas do Estado e presidiu a Fundação Estadual do Norte Fluminense entre 2009 e 2011.
Seu ingresso na política, segundo sua biografia na Alerj, foi inspirado pelo pai, Marcos Bacellar, ex-presidente da Câmara Municipal de Campos. O atual presidente da Alerj foi eleito pela primeira vez em 2018, pelo Solidariedade, com 26.135 votos. Atualmente cumpre seu segundo mandato e foi reeleito de forma unânime pelos colegas parlamentares.
Procuradas, a Alerj e a assessoria de Rodrigo Bacellar não se manifestaram até a publicação desta matéria.