Com a alta demanda do mercado por profissionais qualificados na área de tecnologia e a dificuldade de reter talentos no setor, o turnover em TI tem gerado um grande impacto nas organizações, principalmente entre as que visam a escalabilidade do negócio. De acordo com o relatório de rotatividade disponibilizado pelo LinkedIn, o setor de tecnologia tem o maior turnover do mercado. Uma taxa de rotatividade é considerada boa quando está abaixo de 5% — na área de tecnologia ela está em torno de 15%.
O levantamento apontou que o profissional de tecnologia, em geral, busca uma empresa que tenha propósito e cultura alinhados com a sua realidade e, muitas vezes, esse fator influencia na saída do emprego. A falta de oportunidade de evoluir na carreira é a principal razão para o profissional mudar de empresa, seguida pela insatisfação com a liderança e ambiente desmotivador ou cultura incongruente.
Com o mercado extremamente aquecido e várias oportunidades surgindo, os melhores talentos estão aproveitando para escolher as empresas que investem neles como profissionais, oferecendo uma série de benefícios, incluindo certificações e treinamentos. Profissionais experientes e com alta qualificação são bastante almejados pelo mercado e disputados por grandes empresas nacionais e estrangeiras. No segundo caso, há ainda o diferencial do salário mais competitivo, já que muitos são em moedas como dólar ou euro.
Apesar do cenário desafiador, abrir mão de estratégias para driblar o problema não é uma opção. A pandemia de Covid-19 mudou o modo como as pessoas se relacionam com a tecnologia, fazendo com que ela esteja cada vez mais presente no dia a dia, em diversos produtos e serviços. Por isso, ter talentos em TI atualmente não é mais uma vontade de empresas que estão em processo de transformação digital, mas uma necessidade de todas as organizações que desejam avançar em seus negócios digitais.
Gigantes como Google e Amazon também enfrentam o turnover em TI, mas são as empresas menores as que mais sofrem para conseguir talentos na área. Ainda de acordo com o relatório disponibilizado pelo LinkedIn, quase 60% das pequenas e médias empresas do Brasil não têm um setor interno de tecnologia e, quando sentem a vontade de inovar, não sabem como procurar profissionais e quais competências digitais realmente precisam.
Nesse caso, uma contratação desalinhada pode gerar outros desafios para a organização. Afinal, o alto turnover em TI tende a gerar insegurança na equipe e passar uma imagem de fragilidade para os clientes, além de ser um alto custo para a empresa.
Organizar um processo seletivo eficiente em TI é o primeiro passo para garantir um bom alinhamento entre candidato, desafio da oportunidade, gestor de TI e empresa. Nessa hora, os recrutadores precisam ser objetivos, ter em mente a cultura da organização e reforçar o employer branding nas descrições da oportunidade.
Além da análise do comportamento e dos conhecimentos técnicos do profissional, é importante que o fit cultural também esteja alinhado. Enquanto as hard skills são avaliadas por meios mais técnicos, o fit cultural poderá avaliar as soft skills do candidato — ou seja, suas habilidades socioemocionais.
Para que esse processo possa acontecer, as lideranças deverão saber com clareza quais são os valores da empresa e promover ações internas e externas que corroborem com esses princípios. Paralelamente, investir no engajamento dos profissionais, que esperam que a empresa invista neles, é outra medida indispensável.
Gazeta do Povo