O calor intenso vem marcando presença em João Pessoa neste verão. A onda de calor ja deve levar a recordes históricos de temperatura em boa parte do estado. Buscando esclarecimentos sobre esse fenômeno climático, o Portal F5 Online conversou com o professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Enio Pereira.
Na madrugada e ao longo dos dias, os pessoenses têm enfrentado temperaturas fora do comum, despertando a curiosidade sobre as razões por trás dessa onda de calor que assola a região.
Segundo o Professor Enio Pereira, especialista em climatologia, a região intertropical, onde o Nordeste se encontra, experimenta temperaturas mais elevadas devido a situações de bloqueio atmosférico. Esse fenômeno dificulta a troca de energia entre as regiões tropical e polar.
Questionado sobre a frequência desses eventos, o professor destaca a intensidade do atual El Niño, afirmando que a influência desse fenômeno é um dos motivos para o calor intenso deste verão. Ele ressalta que décadas passadas também testemunharam verões semelhantes.
Embora seja comum observarmos um aumento de temperatura durante o verão, Enio destaca que a atual intensidade se deve ao El Niño extraordinariamente forte que estamos vivenciando.
“A sensação de calor exacerbada é corroborada pelo céu menos nublado nas últimas semanas, permitindo uma maior incidência de energia solar”, completou.
Altas temperaturas e temporada sem chuva. O professor explica que, de certa forma, as duas coisas estão relacionadas.
“Períodos mais chuvosos estão associados a dias mais nublados. Em dias nublados, é como se fosse aberto um grande guarda-sol sobre a cidade. Qualquer pessoa que está com o sol batendo na cabeça sente uma sensação de alívio quando uma nuvem surge e bloqueia o sol”, disse.
Sobre a frequência desses eventos no futuro, Enio confirma que, sim, estamos experimentando anos mais quentes, e essa tendência não se limita ao verão. Ele destaca a importância do conforto térmico, que é uma combinação de temperaturas altas com muita umidade, gerando a sensação de calor mais acentuada em cidades litorâneas.
Ainda segundo o especialista, é comum que as temperaturas aumentem durante o verão, mas ele aponta para o El Niño como o principal responsável pela condição atual.
“Esse fenômeno altera a circulação atmosférica, promovendo um movimento vertical subsidente que favorece a seca sobre o Nordeste. Há muitos anos não tínhamos um El Niño tão forte, e isso tem contribuído para dias mais quentes. Se for comparado com os anos anteriores, a sensação de que está mais quente é correta. Quem tem olhado para o céu nas últimas semanas tem visto um céu menos nublado. Isso significa que tem mais energia solar chegando. Isso somado à energia que tem sido acumulada produz esses dias mais quentes”, completou.
Professor Enio destaca ainda que existe uma série de dados globais confirmando a tendência de aumento de temperaturas. Ele enfatiza a necessidade de compreender esses fenômenos climáticos para adotar medidas que promovam a sustentabilidade e o equilíbrio ambiental diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas.