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PREJUÍZO REAL: Americanas perde mais de R$ 100 milhões por dia com ataque hacker
21/02/2022 / 16:28
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Após um ataque hacker iniciado no sábado (19), que se mantém até esta segunda-feira (21), os sites e aplicativos Americanas.com e Submarino, ambos do grupo Americanas, estão fora do ar. Com isso, a empresa perdeu cerca de R$ 220 milhões em vendas até agora.

A estimativa foi feita por especialistas em varejo a pedido da Folha, com base nos dados de vendas da companhia no terceiro trimestre, os mais recentes divulgados até o momento pela empresa, que tem ações em bolsa. No terceiro trimestre, a Americanas atingiu R$ 9,9 bilhões de volume bruto de mercadorias vendidas na internet (GMV digital), incluindo produtos próprios e de terceiros. Com isso, a
venda média diária em portais do grupo no período foi de R$ 110 milhões.

O terceiro trimestre de 2021 foi o primeiro após a combinação dos ativos que resultou na formação da Americanas S.A, a partir da fusão entre Lojas Americanas e B2W, até então dona da Americanas.com, Submarino e Shoptime. Com isso, as vendas na plataforma digital do grupo, que costumavam representar cerca de 60% do total, saltaram a 77% do GMV no período.

As ações da Americanas lideravam as quedas no pregão desta segunda. Por volta das 12h, os papéis recuavam 4,18%, para R$ 32,30. A companhia informou que as vendas nas lojas não foram prejudicadas.

Em relatório divulgado no início deste mês, o banco Goldman Sachs estima que as vendas digitais do grupo devem somar R$ 39,8 bilhões em 2021 e, este ano, R$ 52,9 bilhões. Com isso, a representatividade do digital nas vendas totais aumentaria de 75% para 77%, respectivamente. Ou seja: não importa tanto que as vendas nas lojas estejam ocorrendo normalmente, porque a Americanas se tornou uma operação essencialmente digital.

O jornal Folha de S.Paulo apurou que o ataque hacker começou no sábado de manhã, e a empresa procurou derrubar o site e o aplicativo de Americanas.com e Submarino a fim de tentar manter a segurança dos dados dos clientes. O ataque foi pensado para um momento de alta exposição para a Americanas: a marca promoveu uma noite de comemoração no reality Big Brother Brasil, da Globo, com show do cantor Thiaguinho.

Nas redes sociais neste fim de semana, muitos usuários reclamavam que não podiam acessar as ofertas anunciadas no programa, porque tanto site quanto aplicativo estavam fora do ar. Muitos também não conseguiam rastrear suas entregas agendadas.

Na manhã desta segunda, a Americanas passou a divulgar um comunicado a quem acessa a sua página: “A companhia informa que, por questões de segurança, suspendeu proativamente parte dos servidores do ambiente de e-commerce e atua com recursos técnicos e especialistas para normalizar com segurança o mais rápido possível. As lojas físicas não tiveram suas atividades interrompidas e permanecem operando”. O Submarino também divulgou comunicado semelhante a partir desta manhã. Até então, quem tentava acessar o site, encontrava uma mensagem de serviço indisponível.

“O episódio tira um pouco da confiança dos consumidores, e uma parte deles pode não querer mais voltar a fazer compras no site”, diz o consultor em varejo Eugênio Foganholo, da Mixxer Desenvolvimento Empresarial. “Mais uma vez se demonstra a necessidade de adotar processos de segurança tecnológica cada vez mais sofisticados para eliminar ou, pelo menos, minimizar esse risco”.

Esse tipo de ataque vem acontecendo com cada vez mais frequência, na opinião do consultor Alberto Serrentino, da Varese Retail. “Não existe mais empresa inviolável”, diz ele. “Todas são vulneráveis e precisam ter um plano de combate”.

O tamanho do prejuízo vai depender do tempo que a empresa levará para controlar o ataque. Serrentino lembra o caso do laboratório Fleury, alvo de hackers em junho do ano passado e que demorou uma semana para restabelecer o atendimento. “Já o ataque na Renner, em agosto, o estrago foi mais limitado”, diz. “Eles devem estar fazer um esforço brutal de enfrentamento, mas não é algo simples de resolver, infelizmente”.

Americanas é a terceira maior plataforma de comércio eletrônico do país, depois de Mercado Livre e Magalu, segundo o Goldman Sachs. De acordo com o documento, a empresa vinha em uma crescente em número de downloads do seu aplicativo desde o começo do ano.

O grupo como um todo faturou R$ 37 bilhões nos primeiros nove meses de 2021, com lucro líquido de R$ 241 milhões no período. Em relatório assinado pelos analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, divulgado nesta segunda-feira, a XP informa que vê “a notícia como marginalmente negativa, uma vez que o canal online representa aproximadamente 60% das receitas da empresa.”

“No entanto, importante monitorar para ver quanto tempo levará para normalizar as operações e assim entender melhor o potencial impacto nos resultados da companhia”, informa o texto. A casa mantém a recomendação neutra para compra dos papéis, com preço-alvo de R$ 40 a ação.

 

Folha de S.Paulo