
Em evento realizado em São Paulo nesta quarta-feira (12), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, destacou que a política monetária da instituição é fundamentada em fatos e dados. Ele respondeu a questionamentos sobre a pressão de sindicatos e a análise do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que sugeriu a possibilidade de cortes na Selic, atualmente fixada em 15% ao ano, o maior nível em duas décadas. Galípolo afirmou: “Entendo que é legítimo todos os ramos da sociedade poderem se manifestar sobre política monetária. Todo mundo pode brigar com o BC, o BC que não pode brigar com os dados”.
O presidente do BC ressaltou que a inflação tem se mantido acima das metas estabelecidas, tanto em 2024 quanto neste ano, e que as projeções indicam que essa situação deve continuar nos próximos anos. Ele mencionou que as estimativas do Ministério da Fazenda, divulgadas pela Secretaria de Política Econômica (SPE), apontam para uma inflação acima da meta central de 3% até 2026, com um IPCA estimado em 3,5% para o próximo ano.
Galípolo explicou que a decisão de manter a taxa de juros em um patamar elevado é uma resposta à pressão inflacionária, que é impulsionada pela demanda. Ele afirmou que o Banco Central está comprometido em seguir uma política de juros restritiva e que a comunicação da instituição é baseada em dados concretos. “Reações têm sido dependentes de dados”, acrescentou.
Na terça-feira (11), o Banco Central publicou a ata da última reunião do Copom, onde foi decidido manter a taxa de juros estável. O órgão reafirmou que continuará vigilante e não indicou um cronograma para o início dos cortes na Selic. O mercado financeiro, por sua vez, projeta que as reduções possam começar em janeiro de 2026.
A definição da taxa básica de juros pelo Banco Central é pautada por um sistema de metas. Se as projeções de inflação estiverem alinhadas com as metas, a Selic pode ser reduzida. Caso contrário, o Copom tende a mantê-la ou aumentá-la. Desde o início de 2025, a meta foi fixada em 3%, com um intervalo de tolerância entre 1,5% e 4,5%.
Com a inflação superando a meta por seis meses consecutivos até junho, o Banco Central precisou emitir uma carta pública explicando os motivos de sua decisão. A instituição foca nas projeções futuras de inflação, já que as alterações na Selic levam de seis a 18 meses para impactar plenamente a economia. Atualmente, as projeções do mercado para a inflação oficial nos próximos anos estão acima da meta central de 3%.