O presidente do Equador, Daniel Noboa, foi alvo de um atentado nesta terça-feira (7/10) enquanto chegava a um evento na província de Cañar, região central do país. De acordo com o governo equatoriano, o veículo que transportava Noboa foi atingido por pedras e tiros disparados por manifestantes. O presidente não se feriu.
A ministra de Energia, Inés María Manzano, classificou o episódio como uma “tentativa de assassinato” e afirmou que o ataque foi promovido por um grupo de cerca de 500 pessoas. Segundo ela, o carro presidencial ficou com marcas de bala e janelas quebradas. Pelo menos cinco suspeitos foram presos.
“Atirar contra o carro do presidente, jogar pedras, danificar patrimônio do Estado — isso é crime. Não vamos permitir isso”, disse Manzano.
Vídeos divulgados pela Presidência do Equador mostram o momento em que manifestantes cercam o veículo e atiram pedras. As imagens revelam o para-brisa trincado e danos nas laterais do carro.
O governo informou que os presos serão processados por terrorismo e tentativa de homicídio, e que uma denúncia formal já foi registrada.
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O ataque ocorre em meio a uma onda de manifestações indígenas contra o aumento do preço do diesel, que subiu de US$ 1,80 para US$ 2,80 por galão (cerca de R$ 9,60 para R$ 15), após o fim de um subsídio governamental.
As mobilizações são lideradas pela Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), principal organização de povos originários do país, que desde 22 de setembro bloqueia rodovias e realiza protestos em diversas províncias.
Segundo dados oficiais e de ONGs, os confrontos já deixaram um manifestante morto e cerca de 150 feridos, entre civis, militares e policiais. Cerca de 100 pessoas foram detidas desde o início dos protestos.
No último sábado (5), Noboa decretou estado de exceção por 60 dias em 10 das 24 províncias, alegando “grave comoção interna” e aumento da violência. O decreto menciona “paralisações e atos de violência que alteraram a ordem pública” e uma “radicalização” dos protestos.
A Conaie, no entanto, acusa o governo de “repressão e militarização dos territórios indígenas”. Em nota divulgada no domingo (6), a entidade afirmou que o estado de exceção “agrava o risco de uso desproporcional da força e de detenções arbitrárias”.
O líder da organização, Marlon Vargas, chegou a afirmar que os manifestantes poderiam “tomar Quito, se fosse preciso”. Noboa respondeu dizendo que “ninguém pode vir tomar a capital de todos os equatorianos à força” e que “os que atuam como delinquentes serão tratados como delinquentes”.
O governo também afirmou que há “mafiosos infiltrados” nas manifestações, incluindo supostos membros da quadrilha venezuelana Tren de Aragua, mas não apresentou provas.
O aumento dos combustíveis tem sido um tema sensível na política equatoriana e já motivou protestos violentos em 2019 e 2022, durante os governos de Lenín Moreno e Guillermo Lasso.