BRASÍLIA, DF, RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Previ, bilionário fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, anunciou nesta terça-feira (25) a renúncia de seu presidente, José Maurício Pereira Coelho. A saída, no entanto, ocorrerá em 14 de junho.
A decisão foi anunciada pouco menos de dois meses após a troca no comando do banco promovida pelo presidente Jair Bolsonaro, em interferência criticada pelo mercado que culminou com a renúncia de dois membros do conselho de administração da instituição.
Na Previ, a avaliação é que José Maurício, como o executivo é conhecido, vinha sendo pressionado a deixar o cargo para abrir vaga para acomodar aliados do governo. Ele ficou três anos à frente da Previ e tinha ainda um ano de mandato pela frente.
A conturbada nomeação do atual presidente do BB, Fausto Ribeiro, já havia provocado duas baixas na cúpula do banco, com as renúncias de Carlos da Costa André e Mauro Ribeiro Neto, que ocupavam, respectivamente, as vice-presidências de Finanças e Relações com Investidores e Corporativa.
O presidente anterior, André Brandão, renunciou no dia 18 de março, sob pressão do governo após anunciar o fechamento de 112 agências do BB e um programa de desligamento de 5 mil funcionários.
Logo ao assumir, Ribeiro tentou acalmar os críticos da interferência do governo ao afirmar, em carta, ter o compromisso de oferecer retornos adequados aos acionistas. No texto, porém, frisou que atuará de forma alinhada às diretrizes do governo federal.
Na cúpula da Previ, há o temor de que a vaga de José Maurício seja usada para agraciar algum partido aliado do governo no Congresso. O estatuto da fundação, porém, impõe limites às nomeações: o presidente, por exemplo, precisa ser filiado ao fundo por dez anos, no mínimo.
Além disso, o regulamento garante aos pensionistas metade das vagas na diretoria e nos comitês internos de deliberação e auditoria. As regras de governança ajudaram a fundação a passar com menos perdas pelo período de intervenção petista nos fundos de pensão.
No final de 2018, seis meses após sua chegada, José Maurício conseguiu reverter o déficit do ano anterior. Nos anos seguintes, os resultados foram superavitários, especialmente no principal plano de aposentadoria, que conta com R$ 230 bilhões aplicados.
Houve ganhos mesmo durante a pandemia. Pelas projeções, este ano a Previ deve ampliar o resultado positivo, fechando com superávit de R$ 20 bilhões, melhor desempenho desde 2013, quando os fundos de pensão de estatais mergulharam em uma crise de má alocação de recursos que culminou no envolvimento deles em operações da Polícia Federal.