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Pretos são apenas 3,5% dos estudantes de medicina no Brasil
18/11/2024 / 15:09
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os cursos de medicina ainda são frequentados majoritariamente por estudantes brancos, mesmo depois da adoção de políticas afirmativas no Brasil. Do total de 266 mil alunos em 407 escolas, 3,5% se declaram pretos. Outros 25,8% dizem que são pardos, e 68,6% afirmam que são brancos. Outros 1,8% se declaram de cor amarela, e 0,4% são indígenas.

Nos 284 cursos de medicina privados, o percentual cai. Apenas 2,2% dos estudantes se declaram pretos. Outros 22,3% são pardos e 73,6%, brancos. Já 1,7% se declaram de cor amarela e 0,2%, indígenas.

Nos 123 cursos de medicina públicos, o percentual é mais de três vezes maior: 7,4% se declaram pretos, 37% dizem que são pardos e 52,2% afirmam que são brancos. Outros 2,2% são amarelos e 1,1%, indígenas.

Os percentuais não refletem a diversidade da população brasileira, em que 10,2% se declaram pretos, 45,3%, pardos, 43,5% dizem que são brancos, 0,6%, indígenas e 0,4%, amarelos.

A maior presença de negros, amarelos e indígenas nas faculdades públicas se explica pelo fato de a lei de cotas, aprovada em 2012, ter vinculado instituições federais à reserva de vagas, com as estaduais adotando a mesma política na sequência.

“No sistema privado, isso tem se dado de forma mais lenta, o que se reflete nos números de inclusão de pretos e pardos”, afirma o professor Mario Scheffer, da Faculdade de Medicina da USP, que coordenou o levantamento.

Ele diz que a acelerada abertura de escolas médicas privadas em anos recentes deve colocar um freio ainda maior na inclusão de pretos e pardos, “já que ela ocorre mais lentamente na medicina se comparada ao ensino superior como um todo.”

Na residência médica, 70,1% se declaram brancos, 3% pretos e 24,5% pardos. Outros 1,7% afirmam ser da cor amarela, 0,1% são indígenas e 0,6% não sabem ou não quiseram responder.

A conclusão é que pretos e pardos continuam subrepresentados na medicina, tanto na graduação quanto na residência médica.

O professor diz ser a favor da ampliação de políticas afirmativas e reservas de vagas, tanto na graduação quanto na residência médica. “A diversidade social e racial na medicina, além de fazer justiça social, terá impacto positivo no sistema de saúde ao aproximar perfis profissionais da real composição da população e das comunidades”, afirma ele.

Os dados foram extraídos do último Censo da Educação Superior, realizado pelo Inep/MEC em 2023.

Com informações da Folha